São Paulo, segunda-feira, 31 de janeiro de 1994
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Líder das exportações quer agora o mercado interno

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

A abertura às importações gerou reações diametralmente opostas de dois gigantes do setor de som automotivo. A Bosch, alegando prejuízo e "forte pressão da concorrência internacional", fechou, em junho do ano passado, sua fábrica em Manaus. Já a Ford, que há 21 anos opera em Guarulhos (distante 35 km de São Paulo) a maior base mundial de exportação de auto-rádios, decidiu voltar suas baterias para o mercado brasileiro, que passa a disputar com seus tradicionais competidores no exterior.
"Temos produtos de primeira classe em volume de escala que nos possibilita oferecer preços competitivos", afirma Rohintan Deputy, um indiano que há cinco anos preside a divisão eletrônica da Ford, de cuja linha de montagem saíram 4 milhões de unidades em 1993. Seus 180 diferentes tipos de equipamentos de som equipam, por exemplo, o Ford Taurus, líder de vendas nos EUA, os nipônicos Mazda e Nissan e, desde 1990, modelos da Autolatina e até da General Motors do Brasil, arqui-rival da Ford.
A incursão da Ford no mercado de reposição começou discretamente, com o lançamento de seis modelos de rádios e toca-fitas –vendidos com a marca FIC, as iniciais de Ford Indústria e Comércio– e promovido por uma campanha publicitária criada pela agência Demasi, que convida o consumidor brasileiro a ouvir o mesmo som irradiado em 31 milhões de aparelhos já exportados para 70 clientes em todo o mundo.
Equipamentos de CD, trazidos dos EUA, serão montados na fábrica de Guarulhos e estarão nas vitrines a partir de junho próximo."Projetamos comercializar 200 mil unidades até o fim do ano, quando teremos investido US$ 1,5 milhão em marketing e publicidade", anuncia Deputy, ao revelar que foram programados quase 50 lançamentos, inclusive acessórios de som, que vão custar de US$ 200 a US$ 700. Com esse volume, a Ford vai dobrar suas vendas no mercado interno, uma vez que 200 mil unidades são fornecidas anualmente às montadoras.
Reconhecida ilha de excelência, a divisão eletrônica da Ford produz também componentes, como injeção eletrônica e módulos para controladores de velocidade e de pára-brisa. Investe US$ 30 milhões anuais para atualizar tecnologia, aperfeiçoar sistemas de controle de qualidade e treinar cerca de quatro mil funcionários. Cerca de 50 engenheiros norte-americanos trabalham atualmente em seus escritórios bilíngues.
Entre as máquinas de última geração instaladas na fábrica, há um populador capaz de injetar nas bases dos aparelhos 25 mil chips por hora. Uma única funcionária acompanha essa atividade.
Até lá, o principal desafio da Ford será enfrentar, desta vez em seu próprio território, a previsível ofensiva exportadora de outras consagradas marcas multinacionais, como Goldstar, Samsung, além da própria Bosch.

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