São Paulo, segunda-feira, 31 de janeiro de 1994 |
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Respeito é ordem nas repúblicas de modelos
MARIA LUISA CAVALCANTI
Nessa época do ano, muitas delas aproveitam as férias escolares para procurar trabalhos em São Paulo. Como são muito novas e não têm onde ficar, as próprias agências de modelos que descobrem essas garotas em suas cidades providenciam uma acomodação em apartamentos que alugam só para isso. O Folhateen resolveu visitar os apartamentos de duas das maiores agências internacionais que existem no Brasil, a Elite e a Ford, e contar como vivem essas meninas. Como acontece em qualquer lugar onde há mais de uma pessoa morando, a bagunça é geral. Não que as modelos sejam relaxadas e não cuidem de suas coisas. Manter os quartos e a sala arrumados é regra número um para a convivência. Não fazer barulho e não incomodar as companheiras também está no topo das prioridades do regulamento, seja ele formal e por escrito, como no apartamento da Elite, ou informal, no caso do da Ford. "Isso é fundamental porque cada uma tem um pique", conta a gaúcha Mônia Vogel, 16, da Elite, que sentiu na pele o incômodo que uma bagunça pode causar. Na tarde da última quarta-feira, ela chegou em casa depois de 12 horas de filmagem de um sorteio e se deparou com suas colegas dançando com o som no volume máximo. "Não durmo desde a noite passada, vou tomar um banho e cair na cama". Mal sabia ela que a fila na porta do banheiro já estava formada. A catarinense Ira Barbieri, 18, veterana do apartamento da Elite, preparava-se para um teste na agência, enquanto a colega carioca Pollyana Simões, 17, esperava a sua vez. As duas eram apressadas pela goiana Mônica de Oliveira, 18, já pronta para o trabalho. Com uma média de dez meninas morando no mesmo lugar durante o verão, as agências contam com um staff responsável pela manutenção do apartamento. No da Elite há até uma governanta, que toma conta do pedaço. A Ford tem uma faxineira que vai lá uma vez por semana. Outras regras ajudam a manter a ordem, como não beber, não fumar e não trazer homens para o apartamento. Cada garota deve comprar sua própria comida e cuidar de sua roupa de cama e de banho. Para as mais novas, viver nessa espécie de república é até uma forma de se sentir menos sozinha. "Conheci várias brasileiras quando estive no Japão e que hoje são minhas amigas", conta a canadense Selena Wallace, 22, que está no apartemento da Ford até março. A campineira Elizabete de Paola, 16, é uma antiga moradora de lá. Já acostumada com a rotatividade das companheiras de quarto, a garota prefere ter os vizinhos do prédio como amigos. "É com eles que acabo saindo mais", conta. Próximo Texto: Dividir apartamento é opção Índice |
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