São Paulo, quinta-feira, 6 de outubro de 1994
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Cédula única ampliou taxa de brancos e nulos

MAURICIO PULS
DA REDAÇÃO

A adoção da ``cédula única de votação" (a que usamos hoje) aumentou o número de votos brancos e nulos. Ela foi introduzida pela primeira vez nas eleições presidenciais de 1955. Como se tratava de uma eleição isolada, com apenas quatro candidatos, a elevação da taxa (de 4,3% em 1950 para 5,2% em 1955) não chegou a ser notada.
Seus efeitos só se manifestaram claramente quando ela foi adotada nas eleições proporcionais, em 1962. A proporção de brancos e nulos, que havia variado de 7,0% a 9,1% entre 1950 e 1958, saltou para 17,7%. Nas eleições de 1966, ela alcançou o índice de 21,1%.
A mudança é clara. Até então, os eleitores recebiam cédulas impressas pelos próprios partidos, contendo os nomes dos candidatos.
Com isso, o número de votos brancos e nulos era bem menor, porque a cédula impressa reduzia o número de eleitores que não conseguiam preenchê-la corretamente ou que a deixavam em branco, por desconhecerem os candidatos.
Esses fatores, porém, não explicam outras variações. Muitos eleitores votam branco ou nulo para protestar contra o regime político etc. O voto de protesto é bastante visível em 1970, quando a taxa de brancos e nulos sobe para 30,3%.
A taxa volta ao nível de 20% nas eleições seguintes, caindo para 15,1% em 1982 devido ao voto vinculado, que simplificava a escolha dos candidatos (o eleitor era obrigado a votar num só partido).
A partir de 1986, a proliferação de partidos e candidatos torna-se um complicador adicional para o eleitor, provocando enorme elevação da taxa: 27,2% em 1986 e 40,0% em 1990.

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