São Paulo, sexta-feira, 7 de outubro de 1994 |
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Cuidado, o presidente voltou
LUÍS NASSIF O presidente da República está prestes a entrar novamente em alfa. Ou se segura o homem, ou sai debaixo.Logo que assumiu o governo, Itamar Franco ordenou o congelamento de todas as tarifas públicas. Ordenou assim, no ar, sem nenhuma medida complementar, a não ser uma vaga determinação –jamais cumprida– de abertura das planilhas de custo das estatais. Poucos meses depois formara-se formidável rombo nas contas públicas obrigando a reajustes bruscos nas tarifas (que realimentaram a inflação), fornecendo álibi para a queima de patrimônio público –como o caso da venda de ações da Eletrobrás. De lá para cá, o presidente acumulou sucessão de desastres macroeconômicos que vão aparecer com toda intensidade no próximo ano. Atrás de popularidade fácil, permitiu a quebra da Previdência e da Saúde, atrasou o ajuste do setor público, inflou novamente os gastos com funcionalismo, arrebentou novamente o setor elétrico. O anúncio agora, de que pretende reduzir as tarifas públicas, sem nenhuma contrapartida, significará acumular mais bombas de efeito retardado para o próximo ano. Redução de tarifas deve ser objetivo perseguido no âmbito de um programa geral de reestruturação do setor público e de implantação de modelos gerenciais modernos. Ou se reativa a operação "amansa-o-homem", que garantiu a implantação do Real, ou vai grassar incêndio no pedaço. Lobistas oficiais A notícia de uma reunião no próprio Palácio do Planalto, entre o ministro-chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves, (por diversas vezes acusado de lobista do setor automobilístico), o ministro da Indústria e do Comércio e representantes das montadoras, visando ampliar a redução de tributos do setor (em plena vigência do ágio) denota atrevimento e burrice. Atrevimento de Hargreaves por imiscuir-se explicitamente em área que não lhe diz respeito. Burrice por julgar que ainda existe espaço no país para conchavos a portas fechadas e que a euforia com o Real é garantia de imunidade. Ishikawajima Há indícios de reativação de manobras em torno do suspeitíssimo caso Ishikawajima –que mereceu parecer favorável do ex-consultor geral José de Castro, que lhe custou o cargo. Pode sobrar pimenta na empada do frade. Os "sem-sem" Está certa a Executiva do PT em reivindicar espaço político para os "sem-voto". O problema dela são os demais "sem" que a compõem: os "sem-povo", os "sem-obras" e os "sem-propostas". Texto Anterior: Custo de vida tem aumento de 1,56% em Belo Horizonte Próximo Texto: BC intervém e compra dólar Índice |
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