São Paulo, sexta-feira, 7 de outubro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Polícia suíça investiga assassinato de sectários
CLAUDINÊ GONÇALVES
O juiz de instrução de Friburgo, André Piller, responsável pelas investigações de Cheiry, onde morreram 23 pessoas, declarou ontem que muitas vítimas foram ``adormecidas com injeções ou perfusões" com produtos fortes e que há ``vários indícios de execução". Em Cheiry (noroeste da Suíça), legistas foram surpreendidos pela rápida decomposição dos corpos, o que geralmente ocorre em casos de intoxicação. Sob ordem do juiz Piller, também será realizado teste de toxicologia. Mandados de busca e prisão foram expedidos em Friburgo. Em Granges-sur-Salvan, no Cantão do Valais, onde 25 cadáveres haviam sido localizados, a polícia vasculhou ontem o terceiro chalé incendiado e não encontrou nenhuma vítima. Aparentemente, o local era utilizado apenas para cultos, mas a polícia confiscou um cofre contendo muitos documentos. Havia crianças entre as vítimas. Devido à carbonização avançada de alguns cadáveres, o processo de identificação pode levar semanas. Em Genebra, onde a seita liderada pelo médico homeopata Luc Jouret, 47, era particularmente ativa, a polícia interrogou vários membros e ex-membros da Ordem do Templo do Sol. Alguns se apresentaram voluntariamente à polícia, que confiscou seus documentos. Vários jornais suíços e o historiador e especialista em seitas religiosas Jean-François Mayer receberam ontem uma ``carta do além-túmulo" assinada com o termo ``partida". O envelope continha quatro documentos de várias páginas intitulados ``trânsito para o futuro", ``a cruz e a rosa" (símbolos da seita), ``última mensagem" e ``aos condenados pela Justiça". ``Nós deixamos esta terra lucidamente para reencontrar, livremente, uma dimensão de verdade e de absoluto longe das hipocrisias e opressões desse mundo, a fim de realizar o germe de nossa futura geração", diz trecho. Referindo-se aos problemas com a Justiça canadense, por porte de armas, um dos textos conclui: ``Assim, nos liberamos de um peso que a cada dia se tornava insuportável, mas saibam que continuaremos a trabalhar em outros lugares e outros tempos". A carta, que não estava datada, foi postada em uma agência perto de Genebra, às 11h de quarta-feira, quando os incêndios e mortos já haviam sido descobertos. Texto Anterior: Paramilitares têm proteção dos EUA Próximo Texto: Seita preferia ricos e influentes Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |