São Paulo, domingo, 9 de outubro de 1994
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Aluno de Enéas quer um pouco de fascismo

Candidato ganha votos de estudantes

ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO

O cardiologista Enéas Carneiro, candidato derrotado à Presidência da República, retomou na última terça-feira à noite as aulas do curso ``Eletrocardiograma", na Faculdade Souza Marques, para cerca de 200 alunos, muitos deles correligionários e admiradores.
``Do jeito que ele é preparado, poderia arrumar o Brasil, além do mais, isso aqui precisa de ordem. Se não tiver um pouquinho de fascismo, o Brasil não funciona", declarou a estudante de medicina Rosane Paim Pereira, 20, que cursa o quarto período na Souza Marques.
``No tempo da ditadura militar não havia essa bagunça. A liberdade total faz com que as coisas percam valor", disse.
Cláudia Gomes, 22, disse que votou em Enéas porque não acredita no Plano Real. ``Pelo menos 50% dos estudantes daqui votaram no Enéas, e muitos só votaram no Fernando Henrique porque o Enéas não tinha chances de vencer", disse.
Fernando Pires confirma a opinião da colega. ``Eu mesmo só não votei no Enéas porque detesto o Lula e não queria que tivesse segundo turno", disse. ``Mas o Enéas é o único que não tem vinculação política."
Patrícia Brandão, 20, disse preferir um regime autoritário. ``Votei nele porque ele é um cara de decisão. O problema do Brasil só será resolvido com uma ditadura", disse.
Alexandre Palladino, 22, estudante da UFF (Universidade Federal Fluminense), assiste ao curso de Enéas ``porque ele é um grande profissional", mas acha que ele ``tem um lado completamente autoritário". ``Por isso não votei nele".
O curso oferecido pelo cardiologista Enéas Carneiro é extra-curricular, por isso não é obrigatório para os estudantes da faculdade. A duração é de quatro meses e custa R$ 100, parcelados, para cada aluno.
No intervalo de cerca de 15 minutos, Enéas falou com a reportagem da Folha. Ele afirmou que nunca conversou sobre política com seus alunos, o que é confirmado por eles.
Éneas disse que ``graças ao povo" se tornou uma ``alternativa" para o Brasil. ``E se eu chegar lá, endireito esse país."

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