São Paulo, sábado, 15 de outubro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Reduções serão mantidas até julho de 95, diz Ciro

ANTONIO CARLOS SEIDL; SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Fazenda, Ciro Gomes, deu ontem um recado do presidente eleito Fernando Henrique Cardoso aos empresários: o governo não voltará atrás na redução das alíquotas de importação até julho do ano que vem.
Dizendo falar com a autorização de FHC, Ciro afirmou que não haverá recuo na abertura comercial.
Julho de 1995 é a data em que se encerram as exceções à TEC (Tarifa Externa Comum) do Mercosul, a integração econômica do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai que entra em vigor a partir de 1º de janeiro. A partir de então a taxação aos produtos importados pelo país passa a se pautar pelo que for acordado no Mercosul.
Ciro fez essas declarações ao explicar as medidas que o governo pretende adotar para adequar a oferta de bens e serviços ao crescimento do consumo.
Em entrevista antes de uma palestra sobre o ``Futuro do Plano Real", no Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, em São Paulo, Ciro, afirmou que o governo não vai anunciar nenhuma medida nova destinada a conter o aquecimento da demanda.
Anteontem, em Mossoró (RN), o ministro havia sugerido a adoção de medidas anticonsumo.
Ciro disse que o governo considera positivo o aumento do consumo porque isso sinaliza a necessidade de um aumento na produção: ``Isso significa um novo patamar de empregos e de salários para a população".
O ministro disse estar preocupado com o aumento da renda disponível para o consumo porque os setores produtivos não podem acompanhá-lo com a mesma velocidade.
Para resolver a equação, disse, o governo vai continuar facilitando as importações. ``Já tomamos essa providência com a redução de alíquotas mas é preciso esperar que ela amadureça", disse.
Segundo ele, o governo continuará restringindo o crédito se isso for necessário para conter a demanda. ``Esperamos que desse lado o aumento já feito dos depósitos compulsórios em até 100% seja suficiente", afirmou.
``Se não for suficiente, o pente fino da administração do Plano Real no dia-a-dia vai nos recomendando as providências", disse.
Ciro afirmou também que o Banco Central refinanciou o Banco do Estado de São Paulo (Banespa) e descartou a possibilidade de ``quebra" da instituição.
O ministro disse ainda que o governo está preocupado com as exportações e já estuda zerar todos os impostos federais sobre as vendas ao exterior –embora tenha elevado ontem a taxação sobre matérias primas exportáveis.

Texto Anterior: MP vai permirtir uso de recursos do FGTS
Próximo Texto: Fraudes e fraudadores
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.