São Paulo, sábado, 15 de outubro de 1994
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Indústria reduz entregas às lojas

FÁTIMA FERNANDES; MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

As entregas de mercadorias da indústria para o varejo estão passando por um racionamento. O corte no fornecimento atinge de eletrodomésticos a alimentos.
Os derivados de carne e de leite, por exemplo, já chegam a conta-gotas nos supermercados.
``A indústria cortou 70% das encomendas de salsicha, linguiça, salame, mortadela, iogurtes e sobremesas geladas", diz Sidnei Pereira de Mattos, gerente da rede de supermercados Tulha.
A média de consumo semanal de uma loja da empresa é de dez toneladas de salsichas. ``Nesta semana, recebemos três toneladas."
As 15 lojas do Tulha vendem semanalmente 90 mil potes de iogurtes com polpa de frutas. Nesta semana, receberam 42 mil potes.
Na rede D'Avó, com quatro lojas na zona leste, as encomendas de industrializados de carne chegam aos poucos.
``Normalmente, fazíamos o pedido na segunda-feira e recebíamos tudo no dia seguinte. Hoje, a encomenda chega aos poucos durante a semana", diz Martinho Paiva Moreira, gerente da D'Avó.
A Sadia informa que em julho, agosto e setembro bateu recorde de vendas. Está produzindo de 10% a 12% mais do que em 1993.
``Estamos deixando de atender a totalidade dos pedidos", diz Marcos de Oliveira, gerente da Sadia.
Segundo ele, a demanda pelos derivados de carnes aumentou de 17% a 18% depois do real.
A Danone, líder no mercado de iogurtes, nega que esteja ocorrendo problemas no abastecimento.
Rui Alves Brandão, diretor de suprimentos, não descarta, porém, falhas ocasionais na entrega de um ou outro produto que acabou rapidamente no supermercado.
Segundo ele, a empresa trabalha, no entanto, com estoque de embalagens mais apertado. O volume, que dava para até duas semanas, hoje não passa de sete dias.
Procurada pela Folha, a Nestlé não soube informar se o fornecimento de iogurtes está normal.
A expectativa dos supermercadistas é a de que a escassez de produtos se agrave.
``Nós, por exemplo, só temos derivados de carne para vender até amanhã (hoje)", diz Moreira.
A indústria já alerta os supermercadistas para uma possível falta de produtos em breve.
As empresas alegam, dizem eles, que faltam embalagens, matérias-primas e que, em alguns casos, também estão sem capacidade para atender a demanda.
Além dos derivados de carne e leite podem engrossar a lista de produtos escassos artigos de limpeza, papel higiênico e cervejas.

LEIA MAIS sobre abastecimento às págs. 2-3 e 2-8

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