São Paulo, sábado, 15 de outubro de 1994
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Greve contra Berlusconi leva 3 milhões às ruas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pelo menos 3 milhões de pessoas saíram às ruas ontem nas principais cidades da Itália em manifestações contra o governo do premiê Silvio Berlusconi.
As três maiores centrais sindicais do país (socialista, comunista e social-democrata) calcularam em 95% de seus 11 milhões de filiados a adesão a uma greve geral que durou quatro horas.
Foram as maiores manifestações convocadas pelos sindicatos italianos desde a onda de movimentos trabalhistas dos anos 70. As estimativas de participação não foram contestadas pelo governo.
A paralisação e os protestos foram contra a proposta de Berlusconi para o Orçamento de 1995. O governo conservador quer reduzir seu déficit em US$ 33 bilhões, com cortes de US$ 5,1 bilhões nos benefícios da Previdência e pensões dos aposentados das estatais.
Os setores mais afetados pela greve foram o funcionalismo público, o transporte aéreo e ferroviário, bancos, escolas, jornais e indústrias. Em Turim (norte do país), o grupo Fiat reconheceu que 50% de seus funcionários não compareceram ao trabalho.
O protesto contra a proposta orçamentária do governo transformou-se rapidamente em manifestação contra o premiê. Os 150 mil participantes de uma passeata em Roma gritaram slogans como ``Fora Berlusconi". O cineasta Bernardo Bertolucci, que vive há dez anos fora da Itália, foi a Roma só para participar dos protestos.
Em Costa Esmeralda (Sardenha), milhares de pessoas protestaram diante de uma das casas do premiê. Um cartaz dizia: ``A mansão de Berlusconi tem 42 quartos e vista para o mar, mas as nossas pensões são reduzidas à metade".
O primeiro-ministro é empresário de comunicações e principal acionista do grupo Fininvest, que tem faturamento anual estimado em US$ 7 bilhões. Funcionários do grupo fizeram passeata em Roma e foram aplaudidos.
Em Moscou, onde está em visita oficial, Berslusconi declarou: ``Nem dez greves gerais vão me obrigar a mudar o Orçamento".

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