São Paulo, sábado, 15 de outubro de 1994
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Milagres; Imprensa sem favores; Fraudes eleitorais; Falta de papel; Atendimento e lógica; Professor sobrevivente

Milagres
Carta dirigida ao jornalista Gilberto Dimenstein: ``Li seus artigos na Folha e tomo a liberdade de vir até você para colocar-me à sua disposição para uma conversa pessoal ou telefônica, na qual você poderia formar uma opinião mais abalizada sobre minha pessoa e conduta como homem público. Quero esclarecer que nunca afirmei a ninguém que abro o trânsito com as mãos e curo pessoas desenganadas. Aconselho a você a ler a revista publicada pelo jornal para o qual escreve, o que ajudaria, em alguma coisa, no esclarecimento dessa questão, já que, ao que parece, você leu apenas a chamada da capa dessa revista escrita por algum jornalista que, inteligentemente, aguçou a curiosidade dos leitores em relação à bem- escrita matéria de Cosette Alves. Sou cristão e tenho consciência que o poder supremo do universo pertence a Deus e nós, cristãos, não somos dados à prática de curandeirismo ou misticismo. Quem identificou-me como evangélico foi a própria imprensa, posto que, em momento algum de meu programa de rádio e TV mencionei essa condição, nem mesmo direcionei minha campanha para o movimento evangélico. Serei o próximo governador de São Paulo e governarei para católicos, judeus, cristãos, protestantes, espíritas, adeptos de todas as seitas e, até mesmo, ateus. Nunca compareci a uma igreja evangélica para fazer política, por entender que igreja não é comitê e que púlpito não é palanque. Tenha certeza de que não sou nenhum desequilibrado e muito menos enganador, tanto que obtive mais de 70% dos votos válidos de minha cidade e região e não me seria possível enganar o povo com o qual convivi, em estreito contato pessoal, todos os dias, por mais de 22 anos, que é o tempo que estou na vida pública. Creia que não me aborreci com seus dois artigos sobre mim e espero que esse fato possa ter criado a oportunidade para que você me conheça melhor e para que eu possa conhecê-lo. Sempre apreciei o seu trabalho pelo que reitero estar à sua disposição."
Francisco Rossi, candidato do PDT ao governo de São Paulo (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Gilberto Dimenstein – A entrevista que o candidato recomenda a leitura, para desfazer o que julga um mal-entendido, apenas ratifica o que ele tenta negar.

Imprensa sem favores
``Na condição de jornalista de longa data, com 40 anos de profissão, ex-proprietário de um jornal independente –fechado pela última ditadura militar argentina–, diretor e editor de jornais em vários países da América Latina e correspondente estrangeiro no Brasil há mais ou menos 15 anos, vejo com simpatia a maioria das opiniões de Otavio Frias Filho, gosto de seu tom equilibrado, de sua ponderação, de sua visão clara da história e do presente e de sua argúcia na análise das possibilidades futuras deste querido país, da América Latina e do mundo. Peço que receba esta humilde mensagem como um incentivo, um estímulo na luta por uma comunicação social independente, contra os polvos que manobram tudo em função de seus interesses econômicos e políticos. Uma saudação cordial e afetuosa, com minhas congratulações especiais, pelas mais recentes iniciativas editoriais, grandes contribuições para a cultura, ao massificar sua distribuição, e prova de que é possível viver sem recorrer aos `favores' dos governos do momento, e através de arrojados empreendimentos privados que não tornam subalterna a opinião dos meios de comunicação."
Ulises Neco Lopez (Rio de Janeiro, RJ)

Fraudes eleitorais
``As denúncias por nós apresentadas e que nos causavam indignação, revolta e apreensão quanto ao desenrolar das eleições infelizmente se concretizaram. Fatos já comprovados, aliados a indícios absolutamente consistentes e evidentes, apontam para uma fraude de enormes proporções no processo de apuração dos votos, para o Senado, na Bahia. Urnas violadas, ausência de cédulas em branco e migração de votos de um candidato para outro observadas em mais de 1.300 urnas espalhadas por cerca de 240 municípios foram ocorrências detectadas pela análise dos boletins emitidos pelas seções eleitorais. As medidas judiciais cabíveis estão sendo adotadas e subscritas por todos os partidos que se opõem a esse estado de coisas, situação que ocorre sob o beneplácito e conivência da Justiça Eleitoral da Bahia."
Carlos Alberto Mendes, do conselho político, Yolanda Pires, coordenadora-geral, e Ana Tereza Matos, coordenadora-executiva, da assessoria do candidato Waldir Pires (Salvador, BA)

Falta de papel
``Na qualidade de leitor assíduo deste jornal, quero deixar registrado meu repúdio pela atitude de total desrespeito pela entrega às bancas, da edição de domingo (9/10), faltando o primeiro caderno, sem que houvesse qualquer informação. Se houve falta de papel, nunca deveria esse jornal deixar de entregar seu primeiro caderno."
Alfredo de Souza (Santos, SP)

Atendimento e lógica
``Junia Nogueira de Sá acusa-me de faltar com a verdade em carta enviada ao Painel do Leitor (6/10). Diz que não lhe enviei as cartas mencionadas. Devo informar que disponho das provas de transmissão, por fax. Aliás, não rebateu minha afirmação principal, que concerne à não-renovação de seu mandato. E, por fim, não entendeu meu objetivo, que era o de criticar a postura do jornal. Que fique claro, portanto, que se nesse episódio aparecem inverdades, mal-entendidos ou quejandos, a responsabilidade não é deste leitor."
José Roberto Sapateiro (Londrina, PR)

``Como um dos leitores atendidos pela jornalista Junia Nogueira de Sá ao tempo em que ocupava o cargo de ombudsman da Folha, quero dizer que, na oportunidade em que escrevi reclamando do tratamento dado pela maioria dos jornalistas ao jornalista Carlos Monforte no caso Ricupero (se não fosse a parabólica não saberíamos que aquele funcionário público não tinha escrúpulos; Monforte não nos informaria nada daquela conversa), fui muito bem atendido e, mais importante, entendido. O sr. Sapateiro diz ter obtido prova irrefutável da parcialidade do jornal e da falta de isenção da então ombudsman em carta na edição de 6/10. Sinto não poder concordar. A não recondução daquela jornalista ao cargo de ombudsman significa, para mim, apenas tristeza de não poder mais ler um texto crítico de jornalismo escrito com lógica. Mas o que representa esta palavra parece que muito pouca gente hoje em dia percebe."
João Carlos de Campos Pimentel (São Paulo, SP)

Professor sobrevivente
``Dia do Professor, haveria o que comemorar? Talvez o esforço de muitos face às precárias condições de trabalho e miserável salário. Talvez, o reconhecimento dos pais e alunos humildes, conferindo-lhes a honesta gratidão de quem os auxilia a deixar o lodo. Talvez a esperança de um amanhã, quando a sociedade e governos tenham aprendido as mensagens deixadas na consciência de seus filhos."
Luiz Gonzaga de Oliveira Pinto, diretor de Publicações do Sindicato de Especialistas de Educação do Magistério Oficial do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

``Um dia me educou, me ensinou a ler e escrever, hoje, ensina-me a viver. Isso porque a profissão de professor hoje está mais para sobrevivente do que propriamente vivente."
Neilton Pereira Dantas (Santo André, SP)

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