São Paulo, domingo, 16 de outubro de 1994 |
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Gabeira quer criar uma `frente' para salvar o Rio Deputado eleito quer debater a violência e as drogas LUIZ CAVERSAN
Pretende criar, junto aos demais deputados fluminenses, uma ``frente emergencial" para propor soluções para os problemas do Rio de Janeiro, principalmente a violência. Militante da luta armada durante o governo militar, ex-exilado, candidato ao governo do Rio em 86 e à Presidência em 89, Gabeira fez o que chama de campanha ecológica e econômica. Gastou cerca de US$ 10 mil, percorreu o Estado em uma ``bicicleta de som" e só usou papel reciclado para conquistar cerca de 35 mil votos, ``fora a fraude". Agora, quer debater a violência, a miséria e as drogas. A seguir, a entrevista que deu à Folha: Folha - Sua eleição se deveu mais aos seus méritos pessoais ou à aceitação das propostas do Partido Verde? Fernando Gabeira - Não saberia precisar exatamente. Mas pude observar que os eleitores são pragmáticos. Votam em algumas bandeiras específicas, como, no meu caso, numa nova política de drogas e no fim do serviço militar obrigatório. Mas acho que também houve um reconhecimento do meu passado político. Folha - Como seria esta nova política de drogas? Gabeira - O que surge com mais urgência nesta política é a descriminalização da maconha. Mas ela passa também pela luta contra a violência nas grandes cidades e pela reestruturação da polícia. Folha - Qual será a linha de sua atuação na Câmara? Gabeira - Vou trabalhar pelo reconhecimento da situação emergencial do Rio de Janeiro. É preciso compreender que o Rio existe a partir de seus problemas e que o Brasil existe a partir dos problemas do Rio. Isto significa que deverá haver um esforço concentrado para se criar uma frente supra-partidária na bancada fluminense, em diálogo permanente com o novo presidente, para se criar uma agenda comum. Esta agenda contemplaria, além da questão da segurança, também a saúde, a miséria e o desemprego. Folha - Estas são as questões prioritárias? Gabeira - No caso do Rio, além da violência há também o colapso completo do sistema de saúde pública. Eu também associo a luta ecológica à luta contra a miséria. Neste cenário destaco como exemplo positivo o trabalho de recuperação da baía de Guanabara. Folha - Qual sua avaliação para a infinidade de fraudes detectadas na apuração no Rio? Gabeira - O sentimento é de indignação, não porque nos tiraram votos –constatei irregularidades em muitos boletins de apuração–, mas porque não foi respeitada a vontade popular. Esta situação demonstra que o banditismo se revela em segmentos muito diversos da sociedade. A crise é mais profunda do que se supõe. Texto Anterior: A BANCADA RURALISTA Próximo Texto: Igreja Universal elege bancada de 6 deputados e supera PRN e PSB Índice |
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