São Paulo, domingo, 16 de outubro de 1994
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Menem inicia campanha rumo à reeleição

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O presidente da Argentina, Carlos Menem, já começou campanha em busca de um novo mandato nas eleições de 14 de maio de 1995. Ele desencadeou uma campanha institucional nas redes de televisão sobre os cinco anos de governo e uma maratona de inauguração de obras públicas.
O objetivo de Menem é conseguir a reeleição já no primeiro turno, avisa o secretário-geral do Partido Justicialista (peronista), Alberto Kohan.
Principal coordenador da campanha de Menem, Kohan tem reuniões semanais com o presidente para discutir uma estratégia.
Desde a primeira semana de outubro, a Secretaria de Meios de Comunicação da Presidência divulga nas emissoras de TV anúncios sobre o governo Menem.
Paga pelo contribuinte argentino, a campanha será exibida até janeiro do próximo ano.
Um dos filmes principais desta série, chamada ``Dia a Dia", tenta amenizar um dos efeitos sociais do programa de estabilização econômica implantado no governo Menem: o aumento do desemprego.
Atualmente, a taxa de desemprego é de 10%, de acordo com o Ministério da Economia –o que representa mais de 1 milhão de desempregados.
Kohan disse à Folha que o custo da campanha de Menem está estimado em US$ 25 milhões. Especialistas brasileiros em marketing político, como Duda Mendonça (que trabalhou na campanha do prefeito de São Paulo, Paulo Maluf), têm sido consultados pelo Partido Justicialista.
``A estabilidade econômica é o ponto principal da campanha", afirmou Kohan. A sete meses das eleições, pesquisas de intencão de votos realizadas no país por diferentes institutos de pesquisas indicam que 42% dos entrevistados pretendem votar em Menem, enquanto 23% ainda estão indecisos.
Sondagem realizada na primeira semana de outubro pela empresa Punto de Contacto para o Partido Justicialista mostra que 60% dos argentinos consideram que Menem vai ganhar no primeiro turno.

``Chacho"
Para ser eleito no primeiro turno, Menem precisa de 45% dos votos, ou pelo menos 40% dos votos e uma vantagem de dez pontos sobre o segundo colocado.
A situação do presidente é confortável. O segundo candidato apontado nas pesquisas de intenção de voto, "Cacho" Alvarez, da Frente Grande, com cerca de 25%, ainda não conseguiu projeção nacional e concentra intenções de voto na Província de Buenos Aires.
"Cacho" faz uma campanha com base na ética na política– denunciou irregularidades no governo Menem– e na proposta de manutenção do plano de estabilizacão argentino, mas com reducão dos custos sociais (desemprego e baixos salários).
A Frente Grande considera que somente haverá segundo turno se conseguir uma aliança com integrantes da União Cívica Radical.
A UCR enfrenta uma crise interna desde que o ex-presidente Raúl Alfonsín fez acordo com Menem para que uma reforma constitucional permitisse a reeleição do atual presidente.
Federico Storani e Horacio Massaccesi, governador da Província de Rio Negro, disputam a candidatura presidencial pela UCR. "Cacho" Alvarez tenta atrair Storani para o seu partido.
O ex-coronel golpista Aldo Rico, candidato do Modin (Movimento pela Dignidade e Independência), tem um dos maiores índices de rejeição em todo o país. Não chega a alcançar nem 5% das intenções de voto.
Ex-líder dos militares ``carapintadas" na rebelião armada da Semana Santa de 1987 contra o então presidente Alfonsín, Aldo Rico disse à Folha que não afasta a possibilidade de fazer uma aliança com Menem.

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