São Paulo, domingo, 16 de outubro de 1994
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Democracia racial chega ao céu de "A Viagem"

Após protestos, Globo mostra atores negros em ``A Viagem"

MARCELO MIGLIACCIO
DA SUCURSAL DO RIO

Os capítulos finais de ``A Viagem" mostram que a democracia racial tardou mas chegou ao céu por onde pairam os espíritos dos personagens já mortos.
Tudo começou com um cochilo dos diretores da novela global das 19h, que deixaram fora de quadro os figurantes negros recrutados para as gravações do plano superior do folhetim espírita de Ivani Ribeiro.
``Eles pediram gente de todo o tipo, negro, branco, japonês e índio, mas nas primeiras gravações os negros quase não apareceram", lembra o produtor Carlos Dias, 27, da agência de figurantes Ceumar.
Com a falta de negros no céu, surgiram logo as primeiras reclamações, endereçadas por entidades do movimento negro não só à própria Globo como a vários jornais do país.
``Eu rodei a baiana lá na produção e perguntei se negro não entrava no céu", diz Don Marco Maguila, 43, dono da agência de figurantes Afro Brasil, a mais requisitada quando se quer um elenco de negros.
Todos, porém, eximem a Globo de culpa no episódio. Os atores negros foram recrutados desde o início das gravações do céu, em agosto. Não eram mostrados pelas câmeras, mas estavam lá.
Os diretores e assistentes da novela não gostam de falar sobre o assunto. Um deles, em conversa informal com a reportagem da Folha, admitiu que houve um cochilo de marcação nas primeiras tomadas.
As cenas do céu são gravadas em Nogueira (distrito de Petrópolis, a 66 km do Rio de Janeiro). São utilizados entre 80 e 100 figurants, que ganham um cachê de R$ 8,00 por dia.

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