São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 1994
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D. Paulo faz uso político da Igreja, diz Rossi

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MARÍLIA

O candidato do PDT ao governo paulista, Francisco Rossi, disse ontem que d. Paulo Evaristo Arns representa o setor católico que faz da Igreja um ``comitê político".
A declaração foi uma resposta às críticas do cardeal-arcebispo de São Paulo, que disse que Rossi estava ``instrumentalizando a religião" para atrair o voto dos evangélicos.
A afirmação do cardeal foi feita em entrevista ao programa ``Opinião Nacional", da Rede Cultura. D. Paulo disse ainda que Rossi teria prejudicado a visita do papa João Paulo 2º em 1980.
Na época, Rossi era secretário estadual de Esportes, Lazer e Turismo, e foi designado para cuidar da visita do papa a São Paulo. Segundo d. Paulo, ele teria retirado o equipamento de som do Morumbi dias antes da chegada do papa.
O candidato negou a acusação. Ele disse em Marília que isso não ocorreu e que era um ``equívoco" de d. Paulo. ``Se isto tivesse efetivamente acontecido, o então governador Paulo Maluf teria me demitido do cargo pelo incidente."
Rossi disse que d. Paulo representa ``uma minoria" dentro da Igreja Católica: ``Ele representa 10% da facção que usa a Igreja como comitê político e usa o púlpito como palanque", declarou.
Segundo ele, esse setor da Igreja está a serviço do PT: ``D. Evaristo Arns é o grande arauto (desse grupo), que gosta de fazer campanha a favor do PT, mas que representa hoje uma minoria", afirmou.
Rossi disse que recebeu o apoio espontâneo dos católicos carismáticos. Ele nega que esteja usando sua condição de evangélico para obter votos, mas seu material de propaganda traz trechos bíblicos.
Ele disse que quem usa a religião para obter votos é Mário Covas (PSDB). ``O Covas abriu um comitê evangélico. Há muita hiprocrisia nisto, que eu vou desmascarar no horário eleitoral."
O cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Paulo Evaristo Arns, disse ontem em São Paulo que ``a religião não deveria ser usada para a política", reafirmando suas críticas a Francisco Rossi.
D. Paulo também se defendeu das acusações de colaborar com o PT: ``Nunca fui de nenhum partido e nunca revelei em quem votei."
Quanto a fazer parte de uma minoria, o cardeal disse pertencer ``à Igreja Católica Apostólica Romana, como arcebispo de São Paulo e de todos os fiéis".

Colaborou a Reportagem Local

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