São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 1994
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Sobre torcida e sociedade delinquencial

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, o vendaval de paixões de ontem começou logo à tarde.
A barca do Barça foi até a terra dos escândalos reais, a Inglaterra, para enfrentar o Manchester United pela Copa dos Campeões da Europa.

E suou muito para arrancar um importante empate em dois gols. Não há ritmo mais frenético de jogo do que o executado pelas esquadras inglesas.

Toque sobre o tema da violência nos estádios: ela existe também nos torneios de futebol do chamado Primeiro Mundo.

O futebol é um esporte visceralmente ligado às classes médias mais baixas e ao proletariado. A força das suas torcidas veio desses estamentos sociais.

O mundo contemporâneo piorou muito a situação existencial desses estamentos. Em primeiro lugar, o desenvolvimento tecnológico e a recessão aumentaram brutalmente as taxas de desemprego.

A crise financeira dos Estados também contribui para piorar a situação. A assistência social, médica e educacional foi bastante reduzida.

Não se deve esquecer que, na raiz da sociedade em que vivemos, está o culto à violência.

Em parte, a violência que ronda os estádios de futebol lá fora é a mesma que nos ameaça no Brasil.

Só que, aqui, os graves desajustes sociais ampliam a dimensão da violência.
As carências brasileiras –todas elas– estão na questão.

Há toda uma história de lutas e vícios na questão das torcidas organizadas que precisa ser revista.

Há um comportamento provocativamente deliquencial na atitude de alguns torcedores que precisa ser combatido.

Os clubes também deveriam ser responsabilizados pelas atitudes de seus torcedores. É assim que ocorre na Europa.

Estas medidas localizadas ajudariam muito. As outras, dependeriam da maneira mais eficiente que este país encontraria para sair do seu estado social delinquencial. É fácil?

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