São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 1994 |
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Ken Russell tenta unir pornô e elegância
ARNALDO JABOR
Ken Russell foi um dos inventores de um maneirismo que se nutriu de uma liberdade inventada pelos estruturalistas franceses. Foi um dos criadores de um cinema que parecia excesso de talento, excesso de coragem, quando, na verdade, não passava de um arroubo rococó que escondia um desejo comercial de atingir as massas com um halo de artista na cabeça. Assim, Ken Russell está para o barroco de um Orson Welles, por exemplo, como Zefirelli estava para Visconti. É o mesmo tipo de diluição kitsch. Assim foram filmes como ``Os Demônios", assim foi a ópera ``Tommy". Outros cineastas foram assim, como Frankenheimer, que tinha mais talento, como Nicolas Roeg, que fez um filme muito bom (``Inverno de Sangue em Veneza?"), como mais tarde o insuportável Terry Gilliam, com ``Brazil". Depois de alguns anos, chegam acabanados a falsa valentia e este filme de Ken Russel, ``Lady Chaterley" (afinal, todos temos de ganhar o pão). O que serviu para chocar ``sexpoliticamente" a burguesia do início do século, hoje mais parece um ``mix" de filme de James Ivory com pornô leve. O filme tenta nos fascinar com o elegante (sic) mundo inglês de castelos, jardins e mordomos e nos excitar com a sexualidade interclasses sociais, com o romance entre a castelã e o capataz Mellors. Restam os ``restos do dia" de Ken Russel: câmeras anguladas temerariamente, um pouco de perversão, lentes de grande ângulo, ``travellings" descabelados e cortes bruscos para dar uma grifezinha perversa. Melhor do que ver este filme é alugar dois: um água-com-açúcar tipo ``Uma Janela para o Amor" e outro bem pornográfico, com Jeanne Fine, a rainha do sexo explícito. Vídeo: Lady Chatterley Diretor: Ken Russell Elenco: Joely Richardson, Sean Bean Produção: Inglaterra, 1994 Distribuição: Castle (tel. 011/ 536-0677) Texto Anterior: Bom humor marca estréia Índice |
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