São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 1994
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Relatório aponta envolvimento de juiz e promotor

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-informante policial José Gonzaga Moreira, o Zezinho do Ouro, envolveu um juiz e um promotor em suas denúncias de corrupção. Os casos estão no relatório sigiloso dos seis promotores que acompanham a investigação.
O documento lista, em ``capítulos", os 64 fatos denunciados por Zezinho e foi entregue anteontem à Corregedoria da Polícia Civil.
O caso número 56 tem o título de ``Terras em Mairiporã" e o subtítulo de ``Juiz concordava com escrituras definitivas".
Segundo o relatório, Zezinho teria dito que os policiais compravam ``baratinho" terrenos de posseiros. O juiz daria aos acusados a escritura definitiva das glebas.
Os policiais venderiam as terras e dariam parte do dinheiro ou da gleba à família do juiz. O esquema teria funcionado em 88.
Nesse caso, Zezinho denunciou o investigador chamado Zé Maria e o delegado João Violim Belão. O nome do juiz não é citado.
No relatório, a comissão de promotores sugere que esse caso seja encaminhado para a Corregedoria do Tribunal de Justiça.
O promotor denunciado por Zezinho é mencionado no caso que recebeu o número 57. O ex-informante o denuncia por agiotagem. O nome do promotor não é citado.
A comissão sugere duas providências nesse caso. A primeira é ouvir Zezinho para que ele forneça o nome do promotor e a segunda é encaminhar o caso à Corregedoria do Ministério Público.
Belão negou as acusações e disse que o ex-informante está mentindo. O delegado foi afastado há um mês por ter sido envolvido em outras denúncias de Zezinho do Ouro. O Ministério Público e o Judiciário vão apurar as denúncias.
Na tarde de ontem, o ex-informante depôs na Corregedoria da Polícia Civil e ratificou suas denúncias sobre o envolvimento de policiais com o jogo de bicho.
Zezinho afirmou que foi bicheiro entre 88 e 90. Ele disse que recebia a proteção de cinco policiais a quem pagava propinas.
As denúncias de corrupção no Detran (Departamento Estadual de Trânsito) feitas por Zezinho provocaram o afastamento de Jamiro Moreira, chefe dos investigadores da Corregedoria do Detran. Moreira negou as acusações.

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