São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 1994
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Deputados italianos trocam socos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Deputados trocaram socos e pontapés no Parlamento Italiano ontem. Mais de 30 políticos entraram na briga que começou com governistas contra um membro do Partido Verde.
Discutia-se a TV estatal italiana. O deputado Mauro Paissan ocupou a tribuna, de onde acusou os governistas de corruptos por causa da proposta de reformar a RAI feita pelo gabinete do premiê Silvio Berlusconi, magnata da TV.
``Vocês são as pessoas que dão e recebem propinas, vocês são as pessoas que usam o dinheiro da RAI e o controle da informação para corromper", disse Paissan.
Como ele não parou com as acusações, apesar da intervenção da presidente da Câmara, Irene Pivetti, vários governistas se levantaram e partiram para o ataque.
Nicola Pasetto, da Aliança Nacional, agarrou Paissan. O deputado Francesco Storace, também da Aliança, disse que o ataque não passou de resposta a uma provocação de Paissan.
``Ele até tentou me arranhar com suas unhas pintadas", afirmou Storace que teve que ser contido por colegas.
``Honestamente, eu vi estrelas e caí duro", disse Francesco Vocolli, da Refundação Comunista, que tentou proteger Paissan e ficou no caminho de um soco.
``As camisas negras estão de volta", comentou a oposicionista Antonietta Rizza, em alusão aos grupos paramilitares fascistas de Benito Mussolini. A Aliança Nacional inclui os neofascistas.
O decreto para financiamento de emergência e reforma dos três canais estatais de TV da RAI provocou grandes debates. Ele expira na semana que vem e o governo deve enviar outro ao Congresso.
Ontem, o gabinete de governo aprovou uma projeto de lei para separar os interesses públicos e privados de Berlusconi.
A proposta, a ser enviada ao Congresso, estipula que os bens do premiê e dos ministros com patrimônio de mais de US$ 33 milhões devem ficar sob administração de um comissão independente enquanto eles ocuparem os cargos.
``Sobre o problema de conflito de interesses, devemos lidar com isso dentro dos limites já estabelecidos. Nós não vamos causar a queda do governo por causa desse assunto", disse Umberto Bossi, líder da Liga Norte.
Apesar de a Liga fazer parte da coalizão de governo, críticas de Bossi ao fato de Berlusconi ser empresário quase pararam a formação do gabinete.
A última briga no Parlamento, em junho, foi exatamente entre membros da Liga Norte e da Força Itália, partido de Berlusconi.
A causa era o decreto do premiê que impediria prisão preventiva em investigações sobre corrupção.

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