São Paulo, sábado, 22 de outubro de 1994
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Mínimo de R$ 100 afeta plano, diz Ciro

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro Ciro Gomes (Fazenda) disse que é contra o aumento do salário mínimo para R$ 100,00, a curto prazo, porque ``isso quebra a Previdência e arrebenta o Plano Real".
``O salário mínimo só poderá subir depois de resolvidas a reforma da Previdência e a questão da estabilidade do funcionalismo público nos Estados e municípios mais pobres", afirmou.
O ministro defendeu que a reforma previdenciária seja feita por meio de revisão constitucional.
Ciro fez essa declaração ontem, em São Paulo, onde participou, pela manhã, de um debate sobre o futuro da indústria automobilística no Salão do Automóvel.
No evento, Ciro voltou a afirmar que por ele acabaria a redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para eliminar o ágio dos carros ``populares". Disse, porém, que a tributação dos ``populares" não deve mudar, por decisão do ``chefe" –em referência ao presidente Itamar Franco.
Na palestra a empresários do setor automotivo, o ministro defendeu as medidas de controle do consumo e do crédito adotadas, anteontem, pelo governo.
Ele disse que o Plano Real caminha com ``absoluta segurança", porque a estabilização conseguida até agora é ``essencialmente diferente" de qualquer outro plano antinflacionário do passado.
Ciro criticou as pessoas que, em nome da especulação, querem fazer os problemas gerenciais do Plano Real, como as medidas contra o aquecimento da demanda, serem confundidos com problemas conceituais.
Ele disse que o governo quer frear o consumo não por ``apego a frustração de demanda ou ao desaquecimento da economia", mas para, incorporando experiências do passado, corrigir, na hora apropriada, os rumos do Plano Real.
``A demanda cresceu em razão de uma brutal transferência de renda pelo fim da preversão do imposto inflacionário mas a produção não pode ocupar com tanta velocidade essa diferença", disse.
Para ele, os investidores internos e externos voltam a mostrar confiança no Brasil.
``Este ano, os investimentos produtivos vão alcançar um patamar de, pelo menos, 16% do PIB, um recorde, na década, o que sinaliza que a indústria está apta a acompanhar o crescimento da demanda".
Segundo Ciro, cabe ao governo regular a velocidade para que não se permita o desajuste entre o crescimento da demanda e a oferta.

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