São Paulo, sábado, 22 de outubro de 1994
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Greenpeace faz manifestação no AM

ANDRÉ LOZANO *

ANDRÉ LOZANO ; PRISCILA SÉRVULO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ITACOATIARA (AM)

O Greenpeace realizou ontem a primeira ação ambientalista de sua expedição pela Amazônia iniciada há 12 dias. Não houve incidentes.
O grupo denunciou, em Itacoatiara (a 250 km de Manaus), um dos maiores depósitos de madeira supostamente proveniente do corte predatório. No local, haveria 100 mil m3 de madeira em toras.
O depósito, no lago Quelé (as madeiras são armazenadas na água), pertence às duas maiores madeireiras da região –Gethal e Carolina. Segundo a Prefeitura de Itacoatiara, as duas faturam juntas cerca de US$ 25 milhões por ano.
A ação começou às 7h (9h em Brasília) e terminou às 9h20. Ao todo, reuniu 24 ambientalistas.
Às 7h30, três botes e uma lancha partiram do navio MV Greenpeace levando ao depósito um grupo de ação composto por nove brasileiros e dois argentinos.
Os ambientalistas, vestindo macacões brancos com o logotipo do Greenpeace em verde nas costas, ergueram no lago um balão de 2 metros de diâmetro, com a forma de um globo terrestre, e uma faixa com a frase: ``Parem o corte predatório de árvores".
Em seguida, o helicóptero vermelho dos ambientalistas decolou do navio com outra faixa –``Salve as florestas", em inglês– e sobrevoou o balão.
O coordenador da Campanha de Florestas do Greenpeace para a América Latina, José Augusto Pádua, considerou ``excelente" o resultado da manifestação.
O gerente-geral da madeireira Carolina, Luís Bernardo, aproximou-se dos ambientalistas em uma lancha durante a manifestação. ``Estou achando bonito", disse.
Ele estava acompanhado do diretor-administrativo da madeireira, Rudi Bert, e do engenheiro florestal, Renato Santos. ``A mensagem dos ambientalistas é simpática e não-agressiva", afirmou Bert.
Bernardo disse que a Carolina exporta 20 mil m3 de madeira por ano para a Europa e EUA. Segundo ele, a empresa possui plano de manejo e faz reflorestamento.
O diretor da Gethal, Francisco Comerlato, negou que a empresa tenha no depósito madeira proveniente do corte predatório.
``A madeira é proveniente de reservas do nosso manejo florestal aprovado pelo Ibama", disse.
O diretor disse que havia convidado o Greenpeace para conhecer o depósito, instalações e centro de pesquisa da Gethal. ``Se achassem algum erro bastava nos orientar em como fazer", afirmou.
A Gethal foi multada em US$ 1 milhão pelo Ibama em 89, por não ter apresentado documentos sobre a retirada de madeira naquele ano. Em agosto passado, a Justiça anulou a multa, a maior dada a uma madeireira no Amazonas.

* Colaborou PRISCILA SÉRVULO, da Agência Folha.

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