São Paulo, sábado, 22 de outubro de 1994
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Baixo salário provoca fuga de funcionários

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Contru (Departamento de Controle e Uso de Imóveis, órgão ligado à Secretaria da Habitação) tem hoje 25% do número de funcionários que tinha durante a gestão Jânio Quadros (1986 a 1988), de acordo com seu diretor, Carlos Alberto Venturelli, 48.
São 45 engenheiros e arquitetos –eram 47 até o pedido de demissão feito ontem por dois deles– com a incumbência de fiscalizar casas e prédios da cidade.
O principal motivo pelo êxodo no corpo técnico é o baixo salário pago pela prefeitura. Hoje, um arquiteto ou engenheiro iniciante ganha R$ 170,00. Com regime de dedicação integral e outras vantagens, o salário médio fica na faixa dos R$ 340,00. Menos que a média salarial para iniciantes paga durante a gestão Luiza Erundina (1989 a 1992), R$ 500,00.
Mas, na opinião de Venturelli, que recebe ``irrisórios" R$ 2.000 mensais depois de 20 anos de trabalho, a falta de técnicos não é um problema.
O diretor acredita que ``não adianta inchar o departamento porque nunca vai ter o número suficiente de funcionários para a necessidade de São Paulo".
A saída visualizada por Venturelli são as ``denúncias da população, que já sabe quando um local oferece risco e liga para cá".
Em São Paulo, existem aproximadamente 5.000 locais de reunião (bares, danceterias, cinemas, teatros etc.). ``A maioria hoje está em processo de revalidação do alvará", avalia Venturelli.
Em outras palavras, a maioria dos locais de reunião da cidade está irregular. Mesmo assim, segundo Venturelli, ``o engenheiro da prefeitura não precisa ir, necessariamente, fazer vistorias nos locais para soltar o alvará. Recebemos laudos assinados por engenheiros contratados pelas empresas".
Mas o diretor do Contru reconhece que ``boa parte" destes laudos são falsos ou mentirosos e que os equipamentos de segurança notificados nos laudos simplesmente não existem.

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