São Paulo, sábado, 22 de outubro de 1994
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EUA e Coréia do Norte assinam acordo

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Os governos dos EUA e da Coréia do Norte assinaram ontem em Genebra acordo pelo qual os norte-coreanos se comprometem a abrir seu programa nuclear à inspeção internacional em troca de ajuda econômica.
Apesar do acordo, o secretário da Defesa, William Perry, declarou que seu governo não tem intenção de reduzir os efetivos de 37 mil soldados norte-americanos estacionados na Coréia do Sul.
O acordo ocorre depois de mais de um ano de negociações, que por vezes estiveram à beira do rompimento. O ex-presidente Jimmy Carter foi quem conseguiu, em junho, chegar a um entendimento, em viagem às Coréias.
Os EUA e outros países, inclusive o Japão e a Coréia do Sul, vão suprir os norte-coreanos dos combustíveis de que precisarem até que duas usinas nucleares que não geram muito plutônio como subproduto sejam construídas na Coréia do Norte, com financiamento das mesmas nações.
Em troca, a Coréia do Norte se compromete a congelar e depois desmantelar a sua atual usina nuclear e outras duas em construção. As atuais usinas norte-coreanas produzem grande quantidade plutônio, elemento utilizado na construção de bombas atômicas.
O acordo prevê a criação de escritórios diplomáticos em Washington e Pyongyang, primeiro passo para o estabelecimento de relações diplomáticas plenas.
Espera-se também que o governo dos EUA permita às empresas de seu país que invistam na Coréia do Norte, cuja economia precisa muito de novos fluxos de capital para poder sair da estagnação.
Embora o presidente Bill Clinton coloque o acordo com a Coréia entre seus recentes sucessos em política externa, ele tem recebido muitas críticas.
Os que não concordam com os termos do entendimento com a Coréia do Norte afirmam que o país terá até 2003 para continuar acumulando plutônio e foi recompensado com ajuda econômica, apesar de ter se comportado sempre em desrespeito às normas da diplomacia internacional.
Há 19 meses, a Coréia do Norte deu início à crise ontem encerrada, quando ameaçou se retirar da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e passou a negar autorização para que suas instalações nucleares fossem vistoriadas por técnicos internacionais.

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