São Paulo, domingo, 23 de outubro de 1994 |
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Franceses copiam juízes "Mãos Limpas"
ANDRÉ FONTENELLE
Escândalos de corrupção levam Justiça a iniciar série de investigações sobre políticos à direita e à esquerda A sucessão de escândalos de corrupção na França está levando parte da opinião pública a pedir uma "Operação Mãos Limpas". A julgar pelo número de processos, a operação já começou. No último dia 12, Alain Carignon se tornou o primeiro ex-ministro (da Comunicação) preso desde 1958, quando Charles de Gaulle instaurou a Quinta República. Dois dias depois, o ministro Gérard Longuet (Indústria), 48, pediu demissão. Ele deve ser indiciado em breve por corrupção. A mesma ameaça paira sobre outros ministros. E, não apenas no governo, mas também na oposição socialista, vários políticos se vêem às voltas com a Justiça. Os principais escândalos se devem ao financiamento ilegal dos partidos. Apesar de duas leis sobre o assunto, de 1988 e 1990, a origem dos fundos de campanha ainda não é de todo transparente. Segundo a revista "Le Nouvel Observateur", quatro grandes empresas francesas são responsáveis por 23,5% do total de doações a todos os partidos, exceto –pelo menos oficialmente– a Frente Nacional, de extrema direita. Entre essas empresas, está a Lyonnaise des Eaux (distribuidora de água), acusada de ter dado propinas a Alain Carignon em troca da vitória em uma licitação. Os empresários da construção divulgaram quarta-feira passada código de ética em que se comprometem a não dar propinas nem financiar ilegalmente os partidos. Maior empresa do setor, a Bouygues não assinou o documento, chamando-o de "demagógico". O caso Longuet é outro exemplo da ligação perigosa entre políticos e empresários. Ele teria criado um "caixa dois" para financiar o Partido Republicano, membro do governo. O premiê Edouard Balladur piorou as coisas ao tentar defender o ministro, adiando em um mês o indiciamento de Longuet e pedindo uma nova investigação. O gesto foi visto como uma tentativa de proteger o ministro. Alguns dias depois, novas revelações sobre o caso derrubaram Longuet. Além disso, o governo tirou o caso do financiamento do PR das mãos do juiz Renaud van Ruymbeke, considerado o maior conhecedor do assunto. Texto Anterior: Piloto no Brasil quer esquecer Próximo Texto: Investigações afetam eleição Índice |
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