São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 1994
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PMDB apóia governo FHC e quer cargos

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Dono da maior bancada no Congresso, 107 deputados (incluindo quatro do Rio, onde a eleição será refeita) e 23 senadores na próxima legislatura, o PMDB se prepara para apoiar o governo de Fernando Henrique Cardoso.
Os primeiros passos da adesão foram dados há duas semanas, em Brasília, durante encontro dos presidentes do PSDB, Pimenta da Veiga, e do PMDB, Luiz Henrique. Além do apoio, o PMDB quer participar do governo.
Na última terça-feira, em São Paulo, a proposta ganhou força em reunião de quase 50 líderes peemedebistas, organizada pelo governador Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB).
O apoio dos peemedebistas dará a maioria de que FHC necessita para governar tranquilo. Na Câmara, com 513 cadeiras, ele poderá contar com 290 deputados. No Senado, deverá ter os votos de 56 dos 81 senadores.
Na eleição, FHC não conseguiu maioria no Congresso. Além de seu partido, o PSDB, seus aliados PFL e PTB elegeram 183 deputados. No Senado, ocuparão apenas 33 cadeiras. Mesmo a ajuda de partidos como o PP ainda deixaria o governo em desvantagem.
O novo presidente sonha com a presença dos peemedebistas em seu governo. Após a sua vitória, conversou por telefone com o governador Fleury. Ficaram de conversar após o regresso do exterior.
A adesão a FHC é praticamente unânime em todos os setores do PMDB. A decisão será anunciada na segunda quinzena de novembro, após o segundo turno das sucessões estaduais.
Mais do que uma adesão, a presença do PMDB na administração FHC faz parte de um plano para dar uma nova identidade ao partido. Os peemedebistas temem a imagem de ambiguidade de sua participação nos governos Itamar e Sarney.
``Temos que adotar uma posição clara", afirma o senador Garibaldi Alves Filho, eleito governador do Rio Grande do Norte. ``Oposição ou governo. Mas sem ambiguidades", diz.
Garibaldi é favorável à participação no governo FHC. Divaldo Suruagy (AL) e Wilson Martins, os dois outros governadores do PMDB eleitos no primeiro turno, defendem a mesma proposta.
Na reunião de São Paulo, o único que se manifestou contrário à ida do PMDB para o governo foi o senador eleito e ex-governador paranaense Roberto Requião.
A idéia tem adeptos entre os quercistas, como o senador eleito e ex-governador paraense Jáder Barbalho. Pediu apenas que se evitasse o jogo duplo de ser governo e oposição ao mesmo tempo.
Derrotado na eleição para presidente da República, Orestes Quércia fez chegar ao comando do partido a informação de que não interferirá na decisão.
O ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP) e os peemedebistas gaúchos também apóiam a participação no governo FHC.

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