São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Por terra, mar e ar

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

– Polícia caça ladrões por terra, mar e ar.
Não demorou para o Aqui Agora, que antes concentrava as suas perseguições em São Paulo, naquelas imagens de camburão em correria, largar tudo e viajar ao Rio de Janeiro atrás de mais emoção.
Ontem, como diz a citação, foi uma perseguição por terra, mar e ar, com as imagens dos carros da polícia carioca no trânsito, cenas de barcos na baía da Guanabara etc.
Foi uma telenovela, como sempre, no Aqui Agora. A cada capítulo, a locução chamava para o seguinte, dali a poucos minutos, em tensão crescente. O final de tanta perseguição foi dado como imperdível.
– Você vai ver a prisão do ladrão de bancos. Não perca, de jeito nenhum.
Guerrilha urbana
– Fernando Henrique diz que, em princípio, concorda com a decretação do estado de defesa no Rio.
– Itamar Franco nega que vá decretar o estado de defesa para combater a violência no Rio de Janeiro.
As duas notícias, ontem no TJ, mostram que falta conversa, pelo menos, entre os dois presidentes. Mostra mais: uma confusão, até indecisão diante do que d. Eugênio Salles já tratava ontem como um quadro de ``guerrilha urbana".
O cardeal-arcebispo do Rio, enquanto os soldados não vêm, faz o que pode. Ontem mesmo, segundo o Jornal Bandeirantes, ele determinou que os padres, na missa de domingo, façam três preces contra a violência.
Polícia contra polícia
– A polícia estadual, segundo informações, está preparada e fortemente armada, de metralhadora, para repelir qualquer invasão da Polícia Federal.
Não, não é no Rio. A citação, tirada do Aqui Agora, é de um juiz de Maceió, ao justificar sua relutância em permitir a invasão da casa do governador alagoano atrás do filho deste, condenado como traficante.
O cerco durou o dia todo, em cobertura que começou de manhã, no rádio. Além da polícia estadual, apareceu o secretário de Segurança, no Hoje, dizendo que o filho de Geraldo Bulhões iria se entregar.
Não convenceu. Afinal, informou o Aqui Agora, ``mesmo encurralado, Gustavo Bulhões continua debochando da polícia, com o som em alto volume". No fim, se entregou.
Antes, deixou a lembrança de que foi pedida intervenção em Alagoas, sem sucesso.

Texto Anterior: PPR apóia Allencar no Rio
Próximo Texto: Novo estudo questiona idade do Universo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.