São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 1994
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Ciro admite rever pacote anticonsumo se houver erro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Ciro Gomes, admitiu ontem a possibilidade de o governo fazer ajustes nas medidas anticonsumo adotadas na semana passada.
``Se nos mostrarem que passamos da conta, voltamos atrás", disse Ciro, acrescentendo que, nesse caso, ``certamente" seriam feitos ajustes.
Ele disse não acreditar que alguém consiga provar que o governo exagerou na dose. Afinal, explicou o ministro, a equipe econômica tomou ``muito cuidado". Os estudos indicaram a necessidade de adotar as medidas, acrescentou.
Ciro disse que, devido sobretudo aos aluguéis, o índice da Fipe para São Paulo deverá apontar uma inflação próxima a 3%, mas que nenhum outro índice ultrapassará esse patamar em outubro.
Segundo ele, a ocupação da capacidade instalada das indústrias atingiu níveis recordes e já chegou ao limite em vários setores.
Nesse contexto, é preciso conter temporiariamente o consumo para dar tempo às indústrias de aumentarem sua capacidade de produção, entende a equipe.
Para facilitar o aumento da capacidade de produção, será adotada o mais rápido possível uma medida complementar: o BNDES deverá abrir novas linhas de financiamentos de longo prazo a uma taxa flutuante ainda a ser definida.
Ciro espera que o governo consiga concluir os estudos e anunciar a abertura das linhas de crédito de incentivo à produção ``bem antes" do final do ano.
Segundo Ciro, o que prejudica o plano são ``os especuladores, sócios da inflação".
Incentivo
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Carlos Eduardo Moreira Ferreira, disse, após se encontrar com Ciro, que o ministro anuncia amanhã, em rede de rádio e TV, novas medidas de estímulo ao investimento e à produção.
Ao embarcar para Vitória (ES), por volta de 20h, Ciro negou a informação. Disse que não vai anunciar nenhuma medida, somente esclarecer as já adotadas.
Moreira Ferreira foi pedir a Ciro o fim do compulsório de 15% sobre os empréstimos à indústria. Segundo ele, o compulsório –criado na semana passada– elevou as taxas de financiamento para capital de giro de 3,0% para 4,7% ao mês acima da inflação.
O presidente da Fiesp também sugeriu a queda nas taxas de juros e uma revisão da estrutura fiscal.

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