São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 1994
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Marcas internacionais vão pôr em xeque liderança das brasileiras

MARCOS GOUVÊA DE SOUZA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A aparente estabilidade das posições das marcas no mercado brasileiro está para sofrer os reflexos de uma maior participação de marcas internacionais.
O processo de abertura do mercado, iniciado em 90 e agora acelerado com a redução das tarifas de importação, deverá mostrar uma maior presença de produtos e marcas internacionais, alterando significativamente, nos próximos anos, o posicionamento atual.
Esse é o caso da Wall-Mart, com sua marca Jam's Club e sua aliança com a Procter & Gamble, que chega a ter um time inteiro operando dentro dos escritórios do maior varejista mundial (US$ 84 bilhões previstos para 94).
Outra situação é a de distribuidores independentes que passarão a representar marcas e produtos ainda pouco atuantes. Este processo iniciou-se na área de bens duráveis, com os carros Lada, evoluiu para marcas coreanas pouco conhecidas (Daewoo, Daihatsu, etc.), passou pelos eletrodomésticos (Samsung, Goldstar, Zenith, etc.) e amplia-se na área de não-duráveis com alimentos, confecções, tênis, cosméticos.
Muitos desses produtos e marcas são agora testados através de catálogos ou vendas diretas por importadores, antes de serem lançados no Brasil.
O terceiro grupo é o que estará ligado à atuação do próprio varejo ou atacado, desenvolvendo marcas próprias ou trabalhando com marcas internacionais exclusivas.
É a situação do grupo Pão de Açúcar, que lançou sua marca própria Alu de sabão em pó importado, ou do Makro, ampliando sua linha Azo, ou do estranho anúncio das lojas ZPS com os produtos Kenmore e Craftsman da Sears americana.
A redução das taxas de importação, a racionalização dos procedimentos burocráticos e, principalmente, a estabilização da moeda vão criar um mercado mais competitivo, em benefício do consumidor final, como ocorre em todo o mundo civilizado.
Os reflexos destas mudanças vão modificar, como já se iniciou, o comportamento dos fabricantes, o uso da mídia e a própria atuação do varejo, buscando estabelecer uma relação mais estreita e saudável com o cliente final, forma básica de buscar o ``share of mind" para manter a participação de mercado, para um consumidor predisposto a experimentar.
O jogo e as regras são os mesmos, mas em compensação os ``players"...! As pesquisas de mercado vão mostrar no futuro estas mudanças. É ver para crer!

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