São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 1994 |
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Diretor foi um dos primeiros reféns
PAULO FERRAZ
Ele contou que foi pego de surpresa e que, a princípio, achou que muita gente poderia morrer na rebelião. O diretor foi chamado pelo rádio, às 9h, e informado que alguns presos haviam rendido um carcereiro e invadido a inclusão (ala com três celas de segurança, reservada aos presos ameaçados de morte). ``Pensei que fosse coisa pequena. Quando cheguei lá, eram mais de 20 presos armados com ``espadas" (facões feitos pelos presos com pedaços de ferro ou aço). Não tivemos nem como reagir", disse. Quando Diniz chegou à inclusão, os presos já tinham assassinado Benedito Bragante e começaram a pegar todos os funcionários como reféns. Todos foram presos entre as grades que separam um dos pavilhões da barbearia. ``No começo, pensei que muita gente fosse morrer. Eles estavam com uma corda e queriam enforcar um dos reféns na caixa d'água. Só não aconteceu o pior porque alguns presos, com mais experiência, não deixaram. Eles começaram a negociação", disse o diretor. Segundo Diniz, esta foi a primeira vez que presos rebelados fizeram com que os reféns cortassem barba e bigode e vestissem roupas de presos para confundir a polícia. ``Eles temiam a invasão da tropa de choque e um massacre. Os reféns foram depois espalhados e sempre colocados como escudos para defendê-los. Se houvesse uma invasão, seríamos os primeiros a morrer", disse. No fim da rebelião, sem o bigode –que foi obrigado a raspar– o diretor parecia mais preocupado com a lâmina de barbear usada do que com a rebelião. ``Tive de raspar o bigode com uma lâmina já usada e que não sei de onde veio. Vou esperar seis meses e fazer o teste de Aids. Até saber o resultado não vou ficar tranquilo", disse. Texto Anterior: Presos fazem 28 reféns durante 9 horas Próximo Texto: Casas noturnas se preparam para o Halloween Índice |
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