São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 1994
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PF determina que Greenpeace deixe o país

LUIS HENRIQUE AMARAL
ENVIADO ESPECIAL A SANTARÉM (PA)

O superintendente da PF do Pará, Fábio Caetano, determinou ontem que os 23 ambientalistas estrangeiros do navio MV Greenpeace deixem o Brasil em 24 horas.
A decisão foi tomada por causa de um protesto do grupo ocorrido ontem entre 14h45 e 16h e que paralisou parte dos trabalhos do porto de Santarém.
A notificação do superintendente foi comunicada por escrito ao capitão do MV Greenpeace, o dinamarquês Arne Sorensen, pelo chefe da representação da PF de Santarém, Paulo Leandro.
Segundo Leandro, os estrangeiros foram notificados a deixar o país porque teriam infringido a Lei dos Estrangeiros. ``Uma ação encabeçada por estrangeiros parou o trabalho do porto de Santarém. Isso caracteriza uma intromissão nos assuntos internos do país", disse.
Ainda segundo Leandro, caso os estrangeiros não deixem o país, serão ``presos e deportados". Os brasileiros que participaram da ação podem ser processado por ``crime contra a legislação do trabalho". Ele disse que essa possibilidade vai depender das conclusões do inquérito policial aberto para investigar o incidente.
A ação que resultou na iminente expulsão do navio do Greenpeace do Brasil foi um protesto contra o corte ilegal de madeira na Amazônia. Cerca de 30 ativistas do grupo de ação da entidade invadiram o navio cargueiro ucraniano Kapitan Trubkin que estava ancorado no porto de Santarém.
O navio está carregado com 27 mil toneladas de madeira que estão sendo exportados para a Ásia e Europa. Essa quantidade, segundo cálculos do Greenpeace, representa o corte de 15 mil árvores.
Às 14h45 (horário local), os integrantes do grupo de ação, vestindo macacão com o logotipo da entidade nas costas, subiram pelas escadas dos guindastes do navio e esticaram a faixa ``Parem o corte predatório de madeira". Nesse momento, outro grupo subiu nas pilhas de madeira e soltou os cabos dos guindastes, paralisando o carregamento do navio.
Os tripulantes tentaram continuar o trabalho com outro guindaste, mas o argentino Gustavo Ampugnani, 23, se acorrentou ao gancho e se recusou a sair. Às 16h, o grupo deixou o barco ucraniano. Quarenta e cinco minutos depois chegou a equipe da PF.

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