São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MP pede intervenção na Polícia Federal do Rio

AZIZ FILHO
DA SUCURSAL DO RIO

O Ministério Público Federal vai enviar ao Ministro da Justiça, Alexandre Dupeyrat, um pedido de intervenção urgente na Polícia Federal no Rio.
O procurador da República Alex Miranda, 39, afirmou ontem que o ofício com o pedido de intervenção deverá ser encaminhado ao ministério na próxima semana, com uma cópia para o procurador-geral da República, Aristides Junqueira.
``Os fatos demonstram que deve haver uma intervenção cirúrgica, radical, urgente e abrangente na Polícia Federal do Rio", afirmou o procurador. ``Toda a polícia está cometendo crimes. Há gente séria, mas é minoritária."
O documento do Ministério Público deverá conter um resumo de crimes que teriam sido praticados por agentes da Polícia Federal nos últimos anos.
``A Polícia Federal tem se mostrado ineficiente no combate ao contrabando de armas e tráfico de drogas no porto e no aeroporto e muito pródiga em cometer crimes", disse o procurador.
Tais crimes, segundo Miranda, serão incluídos em um resumo que preparado pelo coordenador da área criminal da Procuradoria no Rio, Rogério Nascimento.
O documento deverá ser subscrito pelos 11 procuradores da República no Rio que tratam de questões criminais.
``Há casos de sequestro com extorsão e assassinato, envolvimento com a contravenção, perito que falsificou perícia e por aí vai. É preciso fazer uma limpeza geral", afirmou Miranda.
O procurador defende que a intervenção seja feita antes da operação conjunta que está sendo montada pela PF e o Exército para combater a violência no Rio.
A operação está sendo articulada pelo ministro da Justiça e já foi defendida pelo presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso.
Alex Miranda citou as críticas que vêm sendo feitas à Polícia Federal pelo corregedor-geral eleitoral do Rio, juiz Paulo César Salomão, em relação às investigações sobre fraudes eleitorais.
Salomão disse que se a Polícia Federal não se empenhar mais nessas investigações, ``tudo poderá acabar em pizza".
A Assessoria de Comunicação Social da Polícia Federal disse que o órgão só comentará as declarações do procurador quando ele especificar os crimes que teriam sido cometidos por integrantes da corporação.
O governador Nilo Batista esteva reunido ontem com o ministro da Justiça, Alexandre Dupeyrat, no Rio. Até as 19h30, a reunião não havia acabado.

Texto Anterior: Lançando moda; Roubada; Ponto alto
Próximo Texto: Tropas no Rio têm 4.200 homens
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.