São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 1994
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Venda de alimento bate recorde no ano

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

Impulsionado pelo Plano Real, o desempenho das vendas de alimentos industrializados foi recordista nos meses de agosto e setembro.
``É a melhor taxa de crescimento bimestral registrada neste ano", constata Sônia Bueno, gerente de marketing da Nielsen.
O crescimento do consumo foi mais elevado nas prateleiras de iogurte e sobremesa láctea refrigerada (36%). Também cresceu, nesse período, o consumo de sopas (27%), leite com sabor (19%) e achocolatado em pó (11%).
Segundo especialistas, o iogurte é uma espécie de barômetro das tendências de mercado –em temporadas de recessão, esse é o primeiro item riscado da lista da dona de casa. Em 1992, por exemplo, as vendas de iogurte caíram 32%.
A atual disparada constitui propriamente uma explosão de consumo e pode ser explicada pela frequência às gôndolas do exército de consumidores de baixa renda.
Cálculos do economista Nelson Barrizzelli, professor da USP e consultor da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), indicam que, após o Plano Real, essa faixa da população passou a ter disponível até US$ 1 bilhão mensais.
``Os supermercados da periferia, frequentados por consumidores das classes C e D vendeu muito mais quantidades no último trimestre que os direcionados para a faixa A e B", afirma Carlos Andreoli, gerente regional da Nielsen Serviços de Marketing.
Uma sondagem conduzida pelo economista junto às grandes redes reforça essa hipótese. O movimento nas cadeias varejistas que operam no interior ou na subúrbios das metrópoles cresceu 15%, desde julho passado. É superior à elevação de 5% nas vendas de supermercados direcionados para as classes AB.
O crescimento do consumo não foi limitado às prateleiras de alimentos.
A Nielsen monitora mensalmente o desempenho das cinco principais marcas de produtos de higiene e saúde em cinco grandes redes de supermercados da Grande São Paulo.
É este o caso de bronzeadores, tintura para cabelo e cremes para pele.
``A retomada do consumo não está puxando o preço dos produtos industrializados", afirma Barrizzelli, que coordena um levantamento mensal de preços junto a 250 supermercados na Fundação Instituto de Administração (FIA).
Barrizzelli constatou que predomina entre os varejistas a convicção de que a tendência de crescimento de consumo deverá se prolongar até o final do ano.
``Vai haver crescimento porque a demanda reprimida é elevada", afirma o consultor da Abras. ``Não existe ameaça de desabastecimento no horizonte, uma vez que a maioria dos produtos está disponível nos fornecedores com preços compatíveis".

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