São Paulo, domingo, 30 de outubro de 1994
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`Ricardão' casado prefere as casadas

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Um tipo muito específico de ``Ricardão" está agindo, cada vez com maior desenvoltura, em São Paulo. Trata-se do homem casado que se especializou em trair a própria mulher somente com mulheres também casadas.
Uma consulta ao Classiline da Folha, a seção de classificados pessoais do jornal publicada às quintas-feiras no caderno São Paulo, dá uma idéia de como andam as coisas no terreno da infidelidade conjugal.
Na última quinta, dos 77 anúncios da subseção ``Homem procura mulher", 28% traziam mensagens de homens casados dispostos a encontrar mulheres casadas.
Uma semana antes, 22% dos anúncios da subseção foram publicados por profissionais liberais ou executivos casados à procura de mulheres casadas. Há duas semanas, esse índice foi de 26%.
As explicações para o fenômeno, dadas pelos próprios, parecem saídas de um ``manual de cafajestagem" escrito há 30 anos, numa época em que certas atitudes machistas eram mais valorizadas.
Para começar, todos chamam as mulheres casadas de ``a casada", como se elas formassem uma categoria, em oposição a dois tipos, ``a solteira" e ``a divorciada".
``A casada não pega no pé e não te cobra nenhuma das coisas que o marido dela é que tem a obrigação de dar, como presentes e viagens", diz o administrador de empresas Jorge (nome fictício), 39, 17 anos de casado e três filhos.
``A casada é mais cuidadosa, também está preocupada com o sigilo e não fica pedindo para sair no fim-de-semana", diz o empresário Eduardo, 49, casado há 22 anos, com duas filhas e dois netos.
Todos os entrevistados se declaram bem casados e justificam suas aventuras extraconjugais como necessárias para quebrar a monotonia da vida a dois.
``Saio com mulheres casadas ou com casais porque chegou uma hora, em casa, em que comecei a ter que forçar a barra para fazer sexo com a minha mulher", diz o comerciante Carlos, 34, casado há dez anos e pai de um filho.
Dono de seus próprios horários, o Ricardão casado costuma sair com ``a casada" à tarde. ``Saio, almoço e bebo alguma coisa com ela. Não é só sexo. Às vezes, fica uma amizade", diz o empresário Claudio, 43, 17 anos de casado.

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Sobre adultério na pág. 4

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