São Paulo, domingo, 30 de outubro de 1994
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Estádios e bolas, inimigos do futebol

TELÊ SANTANA

Começo minha colaboração com a Folha enfocando as dificuldades de se jogar e assistir futebol atualmente. Primeiro, os estádios. Quem é amante do futebol tem feito sacrifício para ir aos campos, seja para jogar, ou para assistir.
Não há garantias de nenhum tipo. Os times não encontraram até agora um campo compatível com a importância do Campeonato Brasileiro. O único de condições boas é o Morumbi.
O restante é muito ruim: na Bahia, em Curitiba, o Canindé. Mesmo nos campos em que ainda não jogamos (Maracanã e Aflitos), já sei que as condições não são boas. E sem se esquecer da Vila Belmiro, o pior de todos os estádios.
Os dirigentes é que são responsáveis. Eles deveriam determinar uma vistoria antes de qualquer campeonato.
Se o campo não apresentasse condições para os jogadores e segurança para o público, seria simplesmente vetado.
Se estão esperando alguém morrer para depois tomar algumas providências, é um risco muito grande. Na Vila Belmiro, jogaram duas garrafas no Zetti. Por sorte não acertaram.
Também meu trabalho foi prejudicado, recebendo cusparadas e copos de cerveja na cabeça.
Assim, se se fizesse uma vistoria correta, poucos clubes teriam condições de receber jogos em seu campo. Essa obrigação é da Federação Paulista e da Confederação Brasileira.
Recentemente fui à Argentina, jogar pela Supercopa, e assisti a jogos do campeonato nacional pela televisão. Todos os gramados demonstraram estar em condições ideais. Será que é tão difícil?
Os jogos que assistimos da Europa mostram o mesmo nível elevado de gramados. É por isso que acontecem tantos gols de fora da área: o jogador tem condições de demonstrar seu talento, de chutar de primeira.
No Brasil, a má condição não permite: a bola sempre vem torta para o atacante. E isso me faz chegar ao segundo problema do futebol: as bolas.
Nesta temporada, o São Paulo foi obrigado a comprar três tipos de marcas porque a Federação tem contrato com uma, a CBF com outra e a Confederação Sul-Americana com uma terceira.
Por que não se forma uma comissão formada pelos jogadores para escolher a melhor bola para se jogar?
Quando reclamo, não estou pensando apenas em mim ou na minha equipe.
O problema é que poucos apontam o que está errado e, quando isso acontece, não é levado em consideração.

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