São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 1994 |
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Salão do Automóvel é como televisão de cachorro
JOSÉ SIMÃO
O mais lotado era o Salão do Automóvel: o maior estouro da boiada. Pra sentir cheiro de carro novo! Fui direto pro grande hit do Salão: o Jaguar de US$ 650 mil. Pra enfiar nos buracos do Maluf? Até beijei o carrão de tanta emoção. Nada como beijar US$ 650 mil. Diz que venderam três. Um inclusive pro Jorge Chammas. Jorge me Chammas pra dar uma volta! Rarará! Uma multidão que anda. E no meio do aperto cruzei com uma leitora que disse ``Tô me apertando pra ver um carro que eu não posso comprar e nem quero". Rarará! E tinha um lá querendo comprar um jegue com tração nas quatro patas e outro querendo uma piranha 95 automática! E eu peguei na mão que o Itamar beijou. Conheci a modelo último tipo do Itamar. Aquela recepcionista da Mercedes que desfilou com ele, a Soraia. Aliás, lembra daquela musiquinha? ``Tô de olho na Soraia, que gosta de miniblusa e só anda de minissaia". É a melô do Itamar. Aí eu perguntei pra ela ``Você acha o Itamar gostoso?" ``Gostoso não, um cavalheiro" ``Mas você se casaria com ele?" ``Nunca, considero um avô, com todo respeito". Itamaus de mulher! Rarará! Só achei o modelo da modelo meio megabrega com aquela calota voadora na cabeça! Corro pro ginásio do Ibirapuera. As meninas do vôlei abundam! Naquele fio dental! Não entendo nada. Me avisam que o Brasil tá ganhando. Aí pulo e grito pra participar do clima de otimismo que varre o país. Não entendo nada mas tô adorando esse festival de bundas e bolas! Rarará! Vôleibundas! Rarará! Torcidas uniformizadas: metade do ginásio era de funcionários do Banco do Brasil. O filho duma amiga minha foi, pagou e se recusou a vestir a camiseta do Banco do Brasil. Que eles distribuem na porta! 18h45! Corro pra Mostra de Cinema! Caio numa fila de mochilas, óculos e barbas e consigo um ingresso. Pra ver um filme passado num lugar esquisito falado numa língua estranha cuja heroína tinha mais consoante que superquadra de Brasília: Rjyzch Etj Zamtswschzych! E ainda não falei da Bienal onde encontrei dois curitibanos vestindo as máscaras da Lygia Clark. A Bienal virou um playground: só tem criança se esbaldando. Inclusive eu! E pode vir mais turistas que eu traço! Quem fica parado é poste! Texto Anterior: Salão teve público de 580 mil pessoas Próximo Texto: Saiba como proteger os olhos no eclipse Índice |
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