São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 1994
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Muçulmanos avançam na Bósnia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Tropas do Exército bósnio voltaram a atacar os sérvios ontem a partir do encrave muçulmano de Bihac, no noroeste do país.
Um informe da Rádio Sarajevo, controlada pelo governo, afirmou que tropas avançavam ontem em direção a Bosanska Petrovak, ao sul de Bihac, e Bosanska Krupa, a leste do encrave muçulmano, e que ``o pânico e o caos reinam" entre os sérvios.
Os ataques em Bihac, que começaram na semana passada, foram a maior vitória do governo de maioria muçulmana na guerra da Bósnia. Os sérvios perderam mais de 200 km2 de território estratégico na região.
Milhares de civis sérvios fugiram de suas casas, alguns deles em direção à Krajina, região controlada por eles na Croácia.
Um porta-voz do Exército bósnio negou que os sérvios tenham bombardeado Bihac.
Segundo ele, o Exército bósnio ``conquistou tanto território ao redor de Bihac que não é mais possível bombardear a cidade a partir de território sob controle sérvio".
As recentes derrotas são um sinal de que os sérvios, apesar de melhor aparelhados, sentem o impacto de sanções internacionais.
O Exército bósnio, por sua vez, conseguiu melhorar seu potencial bélico, depois de acordo com um líder muçulmano rebelde que dividia suas forças.
A guerra começou em 1992, quando a minoria sérvia não aceitou a independência da ex-república iugoslava, apoiada por muçulmanos e croatas.
No sábado, o Exército bósnio expandiu a ofensiva para perto da capital, Sarajevo. Foram lançados obuses de uma zona desmilitarizada nos arredores da capital.
Em uma aparente resposta, os sérvios bombardearam anteontem o subúrbio muçulmano de Hrasnica, matando uma criança e ferindo três civis.
A ONU detectou no sábado o maior número de disparos na capital bósnia desde fevereiro.
Os sérvios haviam ameaçado bombardear ``alvos seletivos" em Sarajevo se a ONU não impedisse a continuação da ofensiva em Bihac e não retirasse os muçulmanos da zona desmilitarizada.
Em outro incidente, forças muçulmanas bombardearam um posto de observação operado por soldados franceses das forças de paz da ONU perto de Sarajevo.
Depois do ataque, a ONU advertiu que pode pedir a realização de ataques aéreos da Otan (aliança militar ocidental) em represália a agressões contra seus soldados.

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