São Paulo, quarta-feira, 2 de novembro de 1994 |
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Quem manda no Rio sou eu, diz Nilo
AZIZ FILHO
Às 18h, Nilo disse que não havia sido oficialmente comunicado sobre a escolha do general Roberto Câmara Senna para coordenar a ação integrada contra o crime no Rio, mas que, a princípio, não tinha restrições a nenhum nome. "O presidente me disse que eu tenho competência para não aceitar um nome", declarou. Ele descartou a hipótese de os policiais boicotarem a coordenação do general. Nilo disse que não permitirá que a ação das Forças Armadas e da Polícia Federal no combate ao crime resulte em supressão dos direitos humanos nas favelas. O governador culpou o governo federal pela situação a que chegou o tráfico de drogas e o contrabando de armas no Rio. Disse que seu governo vai "ajudar a União a fazer seu trabalho" e não o contrário. Nos últimos quatro anos, segundo ele, as polícias do Estado apreenderam mais de 20 mil armas. "Será que chegamos a esse ponto pela ineficácia no combate aos dois insumos básicos do crime (armas e cocaína) ou pela proteção aos direitos constitucionais?" O governo do Estado, segundo ele, continuará impedindo que barracos sejam invadidos sem mandado judicial ou que haja prisões fora das condições descritas nas leis. Se a "ilegalidade" partir do general Roberto Câmara Senna, que coordenará o combate ao crime, Nilo disse que o processará e pedirá ao presidente Itamar Franco sua destituição. O governador criou a Coordenadoria Extraordinária de Ação Integrada Contra Crimes Federais e indicou seu secretário de Justiça, Arthur Lavigne, para coordenar a ação das polícias estaduais e da Defesa Civil. Lavigne fará a ponte entre as forças estaduais e o general Senna, que não terá contato direto com as corporações policiais. Nilo disse que, por ele, a ação federal teria começado há muito tempo e não no segundo turno das eleições: "A responsabilidade pelos efeitos eleitorais disso tudo é do governo federal." No encontro de anteontem com Itamar, Nilo levou documentos para reforçar a tese de que sua polícia está trabalhando e que o governo federal é que tem sido ineficaz.*"Tenho informação de que a Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal tem 23 agentes no Rio", afirmou. "Não considero isso uma intervenção federal, nem uma intervenção do Rio nas atividades federais, cujo déficit é a grande causa desse convênio", disse o governador. LEIA MAIS Sobre ação no Rio na pág. 3 Próximo Texto: Itamar se reúne com militares Índice |
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