São Paulo, quinta-feira, 3 de novembro de 1994
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FHC pede "pacto" para aprovar reformas

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

O presidente eleito Fernando Henrique Cardoso defendeu ontem um "pacto político" no Brasil para permitir que sejam aprovadas as reformas constitucionais que seu governo deseja implementar.
O "pacto" foi mencionado na conversa com o presidente argentino Carlos Saúl Menem e três de seus ministros, na primeira viagem oficial como presidente eleito.
Estavam presentes o ministro da Economia, Domingo Cavallo, o de Relações Exteriores, Guido di Tella, e Eduardo Bauzá, secretário-geral da presidência.
Foi antes do "asado" (versão argentina do churrasco) ao ar livre oferecido por Menem na quinta presidencial de Olivos, subúrbio ao norte de Buenos Aires.
Menem desdobrou-se em gentilezas para com o futuro presidente. "Uma e mil vezes mencionou a expectativa positiva com que a Argentina acompanhou a vitória de Fernando Henrique", relatou à Folha o ministro da Defesa, Oscar Camilión, que esteve no almoço.
É fácil entender a simpatia: o próprio Menem lembrou a FHC que parte dos problemas de seu país depende de soluções para a economia brasileira. Ou, como preferiu di Tella: "O Brasil será o principal elemento dinamizador da economia argentina". Referia-se ao que supõe será um período de "estabilidade, crescimento e boa administração" na gestão FHC.
O secretário da presidência enfatizou a FHC a importância das reuniões semanais do ministério como forma de o Poder Executivo acompanhar a administração.
É mais ou menos o que FHC pretende fazer, mas com uma diferença: na Argentina, os ministérios são apenas oito. No Brasil, 27.
Cavallo e FHC ocuparam-se também do câmbio, motivo de queixas dos exportadores de ambos os países, dada a sobrevalorização tanto do peso como do real. Admitiram que há pressões, mas deixaram claro que a paridade cambial não será alterada.
FHC falou o tempo todo em espanhol e tomou vinho e champanhe de La Rioja (província em que Menem nasceu e que governou).
Os dois presidentes combinaram para fevereiro uma reunião para passar a limpo dos assuntos bilaterais e do relacionamento entre os dois países e o resto do mundo.
Depois, FHC e di Tella discutiram o futuro do Mercosul (mercado comum entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai): ou ampliar a união alfandegária entre eles (forma mais completa de mercado comum) ou abrir o bloco para outros países da América do Sul, na forma de uma zona de livre comércio. Concluíram que é melhor aprofundar o processo do Mercosul.

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