São Paulo, quinta-feira, 3 de novembro de 1994
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Empresas adiam planos para o Mercosul

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Alguns setores da indústria e do comércio estão tendo de adiar seus planos com relação ao Mercosul. O livre comércio entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai –que entra em vigor em 1º de janeiro do próximo ano– será limitado devido às exceções negociadas por estes países.
Por pressão da Argentina, a zona de livre comércio para alguns produtos dos setores siderúrgico, celulose, têxtil, vestuário, além de açúcar, café solúvel e suco de laranja valerá somente em 2000, e não mais no início de 1995, conforme a previsão original.
Uma das empresas atingidas pela medida é a Hering, do setor de vestuário. Com o fim do Imposto de Importação, a empresa planejava aumentar as exportações para a Argentina, a partir de janeiro de 1995, com o objetivo de abastecer suas 70 lojas naquele país.
Agora, com a manutenção das tarifas, a empresa já pensa em buscar produtos chineses para vender em suas lojas argentinas.
"Mudaram as regras do jogo", queixa-se o diretor-técnico do IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia), Rudolf Buhler. O pior, segundo ele, é que até agora não foram especificados quais produtos serão exceção à zona de livre comércio e suas respectivas alíquotas de Imposto de Importação.
"Precisamos de regras claras para negociar", diz Buhler.
Segundo ele, as exceções criadas cinco meses antes da zona de livre comércio entrar em vigor e as dúvidas que foram geradas a partir daí estão levando o setor a retardar ou mesmo paralisar os negócios.
Buhler contesta o fato de as mudanças terem sido feitas em um curto espaço de tempo, enquanto o setor vinha eliminando gradualmente suas tarifas, há quatro anos, e se preparando para negociar sem o imposto.
A manutenção do Imposto de Importação foi negociado em agosto deste ano por pressão da Argentina, que alegava não poder concorrer com os produtos brasileiros caso as alíquotas fossem zeradas no próximo ano.
Brasil, Paraguai e Uruguai concordaram com a criação de um cronograma de eliminação gradual do imposto. Pelo acordo, as alíquotas destes setores serão reduzidas 25% ao ano, sendo eliminadas totalmente em 1999 para Brasil e Argentina, e no ano 2000 para Uruguai e Paraguai.
"O ideal seria que não houvesse exceções, mas, já que a negociação está feita, seria bom se pelo menos estes prazos fossem antecipados", afirma o presidente da AEB (Associação Brasileira dos Exportadores), Marcos Pratini de Moraes.

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sobre Mercosul à pág. 1-6

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