São Paulo, quinta-feira, 3 de novembro de 1994
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Cidade decide futuro da prostituição no voto

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os eleitores de Planaltina, um município a 47 quilômetros de Brasília, vão decidir no voto o futuro da prostituição na cidade.
Organizado pela Administração Regional do governo do Distrito Federal, com o apoio da Igreja e da Polícia Civil, o "plebiscito do sexo" dirá se as 17 casas de prostituição de Planaltina continuam no centro histórico da cidade ou se mudam para a periferia, às margens da BR-020.
Em seus 134 anos de existência, Planaltina, a mais antiga cidade-satélite de Brasília, nunca enfrentou uma questão que dividisse tanto seus moradores. "É uma questão delicada", afirma o padre Carlos, que acompanha o caso há cinco anos.
O ponto central da polêmica é a localização da zona de baixo meretrício, conhecida popularmente pela sigla ZBM. A 100 m da Igreja Matriz de São Sebastião, a ZBM ocupa duas quadras de uma das principais avenidas da cidade, a Marechal Deodoro.
Com o crescimento de Planaltina, a área acabou ficando encravada em uma região nobre, por onde passa praticamente todo o movimento da cidade.
Apesar de concordar que a ZBM faz parte do contexto cultural e econômico da cidade, padre Carlos é um dos que apóia a mudança. "Não fica bem hoje em dia a prostituição estar no meio da cidade."
A maior parte das prostitutas é contra. "A ZBM também é histórica", diz Márcia Vieira, 25, proprietária da casa de prostituição La Bodeguita. O plebiscito foi a forma encontrada para que as as "moças" –como padre Carlos chama as prostitutas– não fossem expulsas arbitrariamente da região.
Com o apoio da Igreja, a Administração Regional do governo deve patrocinar o plebiscito ainda este ano. Quase nada foi definido ainda –universo de eleitores e os sistemas de votação e apuração.
Apesar de apoiar formalmente a consulta popular, mesmo dentro da Igreja, o "plebiscito do sexo" provoca rachas. Padre Carlos quer o plebiscito, mas não esconde que prefere que o resultado seja favorável à mudança da ZBM.
Já padre Agostinho afirma que a mudança pode desestabilizar a economia da cidade. A questão já foi levada ao bispo de Brasília, d. José Freire Falcão.

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