São Paulo, quinta-feira, 3 de novembro de 1994
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CV domina tráfico mas não unifica chefias

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O mapeamento pela DRE (Divisão de Repressão a Entorpecentes) da Polícia Civil das 60 principais favelas do Rio indica que a facção criminosa CV (Comando Vermelho) obteve quase que o monopólio do tráfico de drogas nos pontos de venda, mas está longe de conseguir unificar a chefia por zonas geográficas.
Dessa forma, Ernaldo Pinto Medeiros, o Uê, seria o traficante encarregado pelo CV de controlar a maior parte dos pontos de venda de cocaína e maconha nos bairros cortados pela antiga estrada de ferro Leopoldina, na zona norte.
Na favela Nova Brasília –a mais perigosa do Rio, segundo a DRE–, Uê escalou um homem de confiança para administrar o tráfico. O gerente de Uê é conhecido pela polícia como Macarrão ou Macarrão Sem Braço.
Uma invasão de policiais na favela Nova Brasília, no último dia 18 de outubro, deixou 13 mortos. A operação policial aconteceu depois de um suposto ataque de traficantes à delegacia da área (Bonsucesso) em que três policiais foram feridos. Um deles teve uma perna amputada.
Nas favelas da Tijuca –Borel, Salgueiro, Casa Branca, Formiga e Turano–, os escolhidos pelo CV para controlar o "movimento" seriam Cabarra e Carijó, comandantes do morro do Andaraí, que, segundo a polícia, hoje é a mais rendosa "boca" de cocaína no Rio.
O objetivo do Comando Vermelho de ter um "chefão" à frente de várias favelas está esbarrando na resistência de lideranças localizadas.
Na morro do Borel, por exemplo, o traficante Antônio Alicate estaria resistindo ao assédio da quadrilha do Andaraí, que conquistou o vizinho morro da Casa Branca.
Na zona sul, o traficante Pedro da Prata controla o morro Dona Marta e planeja voltar a invadir a favela da ladeira dos Tabajaras, cujo comando é dividido entre China, Mou e Barriga.
O traficante Soldado é o escolhido pelo CV para dominar a zona oeste do Rio. Ele já tem sob seu comando o conjunto habitacional Antares, em Santa Cruz, e a favela Vilar Carioca, em Paciência.

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