São Paulo, sábado, 5 de novembro de 1994
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Empresas querem reajustar preços

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Representantes da Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação) pediram ontem para José Milton Dallari, assessor especial de preços do Ministério da Fazenda, "autorização" para reajustes.
Após reunião, em São Paulo, Dallari disse que os empresários reclamaram de aumentos de preços de matérias-primas –embalagens de papelão e plásticas–, frete e mão-de-obra.
Segundo os empresários, os aumentos médios de preços das matérias-primas variam de 4% a 10% de julho até agora. "A Lacta informou que os preços das caixas de papelão subiram 39%", afirmou Dallari.
No caso dos sacos de polipropileno, continua ele, os empresários queixaram-se de aumentos de 15% a 39%. "Uma indústria também reclamou do reajuste do maracujá –in natura–, de 200% só no mês de setembro."
O preço do mentol cristal, diz Dallari, segundo os empresários, também subiu –100% em setembro. E o da fécula de mandioca, 18%.
Os representantes das indústrias da alimentação também lembraram Dallari dos dissídios dos empregados do setor, que ocorrem em outubro e novembro.
Uma importante empresa, não identificada, informa que a antecipação de salários dada aos seus empregados em setembro foi de 36,4%.
Neste caso, Dallari já respondeu: "Não aceitamos repasse de custo de mão-de-obra para preços. Os empresários fizeram altos reajustes na virada da URV e do real. Eles têm margens para aguentar antecipações."
Quanto aos aumentos das matérias-primas, afirma o assessor, os números fornecidos pelos empresários serão analisados.
Importação
Dallari anunciou que o governo está estudando a possibilidade de reduzir as alíquotas para importação de polpa de tomate e milho em grão.
O imposto de importação de polpa de tomate, diz, é de 16% e, do milho, de 8%. No caso da polpa, o produto poderá vir do Chile e dos Estados Unidos.
"Há escassez de tomate no país. A idéia é importar até a entrada normal da safra. No caso do milho, mesmo com os leilões, os empresários sentem que pode haver falta do grão até fevereiro."
Dallari disse que alguns empresários pediram ainda a revisão na alíquota para importação de tripa de salsicha, usada na fabricação de salsichas. Era de 2% e, há 20 dias, subiu para 16% por causa do acordo com o Mercosul. "Vamos estudar."
Exportação
O governo, disse Dallari, também está estudando a possibilidade de taxar a exportação de papel kraft, muito usado para fazer embalagens. Este também foi um pedido dos empresários do setor alimentício.
Segundo Dallari, o Brasil exporta cerca de 200 mil toneladas anuais de papel kraft ou 10% da produção.
Aviação
Representantes das companhias aéreas também se reuniram ontem com Dallari para negociar retirada de descontos de 10%.
Segundo o assessor, no período de baixa temporada as empresas dão descontos de até 50% nos preços das passagens. Na época de pico, estes são retirados.
Dallari disse aos representantes das companhias para que encaminhem pedido ao DAC (Departamento de Aviação Civil). "Queremos um parecer técnico do DAC", disse.
Preços
Dallari disse que os aumentos de preços da cesta básica, pesquisada pelo Procon/Dieese, estão concentrados em carne bovina, feijão e frango.
As pressões na carne e no frango, afirmou, permanecem só até o mês que vem. No caso do feijão, os aumentos já estão se revertendo. "Recomendamos que o consumidor reduza o consumo de carne bovina e de frango".

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