São Paulo, sábado, 5 de novembro de 1994
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Back to the Future

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Acelerador "fly-by-wire", controle de tração, diferencial hidráulico. A parafernália eletrônica que supostamente deixou a Fórmula 1 sem graça e por isso foi suprimida nesta temporada tem tudo para voltar em 1995.
E por um simples motivo. Não há como controlar o uso dos recursos por parte das equipes.
Ontem, em Suzuka, Jean Todt, o capo da Ferrari, assumiu publicamente sua expectativa de que pelo menos os três mecanismos listados acima sejam liberados pela FIA.
O assunto, polêmico, foi amplamente discutido no início do ano, quando as equipes foram obrigadas a retroceder suas tecnologias por imposição de Max Mosley.
Dizia-se, então, que os recursos haviam transformado os pilotos de atletas a simples operadores de um video game gigante.
O tema, porém, não se esgotou. O impressionante desempenho do Benetton de Michael Schumacher gerou desconfiança e a partir do fatídico GP de San Marino os times começaram a sofrer severas inspeções por parte da FIA.
A entidade chegou a contratar uma empresa especializada em espionagem industrial para poder penetrar nos programas das equipes.
Descobriu-se que quase todas não haviam suprimido os recursos proibidos. À época, utilizou-se um eufemismo: o time até tinha o controle de tração, por exemplo, mas não o utilizou na corrida.
Se o regulamento fosse respeitado, um monte de gente seria suspensa e multada em milhares de dólares.
O problema é que os movimentos da FIA são pautados por intrincados interesses políticos, assim como o uso das regras é parcial.
Por essas e por outras é que a FIA não consegue gerenciar os times e a solução seria liberar geral. E quem pensa que isso se resume aos times grandes, está enganado.
Christian Fittipaldi admitiu que utilizou em seu Footwork um câmbio semi-automático por boa parte da temporada.
Um sistema parecido levou a FIA a perseguir a McLaren em meados do ano.
A equipe respondeu com um simples "todo mundo usa" e mostrou, nas entrelinhas do regulamento, que seu recurso não era proibido.
A FIA foi obrigada a aceitar os argumentos do time inglês e baixou um decreto eliminando a brecha no livro de regras.
Como outras tantas vão aparecer, o mais certo é que a Fórmula 1 assuma seu jeito nintendo de ser.

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