São Paulo, sábado, 5 de novembro de 1994
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São-paulino tem medo de levar família aos estádios

MÁRIO MOREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A violência entre as torcidas uniformizadas fez muitos torcedores "avulsos" (aqueles que não pertencem a qualquer facção organizada) deixarem de levar a família aos estádios.
É o caso do comerciante são-paulino Vladimir Pereira, 27. Ele é um dos que, domingo passado, no Morumbi, participaram da confraternização entre as torcidas antes do jogo São Paulo x Palmeiras.
Até o ano passado, Pereira costumava levar as filhas Suzane, 10, e Simone, 8, para assistir às partidas do seu time.
"Este ano, só fui com elas aos jogos da Libertadores, porque não havia torcida adversária", disse ele. "E a minha mulher, Lúcia Helena, também não vai mais."
Pereira, que frequenta estádios desde os dez anos, confessou-se amedrontado com a violência nas arquibancadas.
"Quem tem família para sustentar não sabe se volta vivo ou morto. O estádio é um lugar de lazer, não um campo de batalha", declarou.
"Atualmente, você não pode nem sair na rua com a camisa do seu clube que já corre perigo de vida."
Por causa dessa situação, junto com os amigos Luiz Cláudio de Souza (palmeirense), Jefferson Pacheco (corintiano) e Marco Alessio (santista), ele procurou o coronel Gérson Rezende, comandante do policiamento do Morumbi, para que os quatro pudessem entrar em campo domingo e participar da mobilização pela paz.
O torcedor admitiu que a campanha não comporta resultados a curto prazo.
"É claro que acabar com as brigas de uma hora para a outra seria milagre. Mas podemos abrir a cabeça das pessoas", disse.

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