São Paulo, domingo, 6 de novembro de 1994 |
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Medicamento pode 'viciar' em quatro semanas
DENISE CHRISPIM MARIN
Começa, em geral, com o aumento da tolerância do organismo à substância –o que provoca um consumo cada vez maior para se obter os efeitos esperados. Segundo a Sobravime (Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos), o uso regular de benzodiazepínicos (tranquilizantes) durante quatro semanas já é suficiente para causar a dependência. J.A., 40, começou a tomar doses diárias de anfetamínicos (inibidores de apetite e sono) em 72, para estudar de madrugada. Ele prefere não ser identificado. Mesmo atuando na área de saúde, continuou a tomar a substância para melhorar o desempenho em seu consultório e na estatal onde trabalhava. Em 90, quando foi internado em um centro de recuperação, ele costumava triturar 120 comprimidos no liquidificador todas as manhãs, para facilitar a ingestão. Tinha períodos de amnésia, incontinência urinária e fecal e passava até 40 dias sem tomar banho. Perdeu clientes e não ficou sem emprego porque tinha estabilidade. "Se eu tivesse dependência também ao álcool teria morrido", diz J.A., hoje recuperado e de volta ao trabalho. A dependência química abrange ao mesmo tempo álcool, drogas e psicotrópicos. Ou seja, um vício pode levar a outro. O projetista de arquitetura J.C., 50, é um desses casos. Começou com anfetamínicos, agregou o álcool e os tranquilizantes. A dependência se arrastou por 14 anos, período em que foi internado 26 vezes e demitido outras tantas. O argumento das empresas fazia sentido: faltas demais, atrasos e queda de rendimento. Abstêmio há cinco anos, J.C. deixou a profissão e trabalha, desde 91, em um centro de recuperação de São Paulo. (DCM) Texto Anterior: Preocupação se estende a uso de remédios Próximo Texto: Outubro tem oferta recorde de vagas Índice |
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