São Paulo, terça-feira, 8 de novembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empresário cobra ação contra alta dos custos

DA REPORTAGEM LOCAL

Fretes (com reajustes de 40% a 50% desde julho), embalagens e juros foram apontados pelos empresários como os principais fatores de pressão inflacionária até o final do ano.
"Nós já manifestamos nossa preocupação ao ministro e nada foi feito. Se o governo não age, as empresas vão ter que repassar. Vão ter que lutar pela sobrevivência", diz Joseph Couri, do Simpi (sindicato que reúne micro e pequenas empresas).
Segundo ele, 27% das micro e pequenas "correm sério risco".
Edmundo Klotz, da Abia (que reúne as indústria de alimentação), diz esperar um certo recrudescimento da inflação . "Acabam a sazonalidade e os efeitos da seca." Luiz Fernando Furlan, da Sadia, calcula em 60 dias o prazo para que os preços se regularizem.
Klotz diz que conversou com o assessor do Ministério da Fazenda, Milton Dallari, pedindo providências. "Os juros pesam 7% do preço final do produto; o frete, 5%; e as embalagens, de 4% a 12%."
Klotz afirma que o seu setor não registrou qualquer aumento da demanda, "mas recebemos as consequências do remédio aplicado".
O supermercadista João Carlos Paes Mendonça projeta uma inflação ao redor de 2,5% ao mês até o final do ano, mas alerta que se o juro "continuar subindo, a tendência é ser repassado ao preço".
Para ele, o compulsório de 15% sobre os empréstimos bancários foi "uma dose exagerada".
Klotz diz que o presidente eleito Fernando Henrique Cardoso deve preparar um plano para enfrentar a inflação. "Ele deve estar monitorando o que está acontecendo e deve começar a soltar algumas idéias". Ele lembrou que um dos fatores de sucesso do Plano Real foi seu pré-anúncio.
Emerson Kapaz, do PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais), defendeu a necessidade de se mobilizar desde já a sociedade para a realização das reformas necessárias, como a tributária, da previdência e do Estado, ainda no primeiro semestre de 1995. "Não se brinca com a estabilização", afirma.
Kapaz foi, pelo segundo ano consecutivo, eleito em primeiro lugar entre os líderes nacionais em votação promovida pela revista "Balanço Anual", editada pela "Gazeta Mercantil". Ao todo foram premiados 137 empresários.
Em seu discurso, Kapaz foi aplaudido quando criticou a alta dos juros. "Conter o consumo provisoriamente, até que a oferta possa alcançá-lo, é aceitável. Mas punir a produção é insensatez."

Texto Anterior: Acordo reduz preço do frango no atacado
Próximo Texto: Indexação é uma 'bomba', afirma Olacyr
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.