São Paulo, domingo, 13 de novembro de 1994
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Verão carioca será movido a funk e bingo

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Diante da perspectiva de um verão mais seguro, o carioca –da gema ou adotivo– dá a volta por cima no baixo astral e prepara-se para curtir a estação do real.
Vem aí o verão dos patins "in-line", da nova ciclovia Mané Garrincha, das praias de Niterói, novas gírias, do jogo de bingo e até da garotada do "asfalto" dançando funk em favela.
"Não vai haver intervenção militar, mas o reinício da autoridade no Rio. Existe um clima de desarmamento de espíritos", afirma o presidente da AHT (Associação de Hotéis de Turismo), Álvaro Bezerra de Mello, 63.
Para quem vem amargando uma taxa média de ocupação dos hotéis, na alta estação, de apenas 70%, ele torce para que a cidade volte a atrair os turistas e possa chegar a pelo menos 80%.
A PM não fechou ainda seus cálculos para o verão, mas promete um policiamento ostensivo reforçado, nas áreas turísticas.
O carioca já começou a escolher seus pontos preferidos para cair na festa. Um que promete muito agito é a boate Sweet Home, na Lagoa.
"É o máximo, é onde tem as pessoas mais bonitas do Rio", diz um dos especialistas dos descolados da cidade, o fotógrafo Marco Rodrigues, 49.
Com uma decoração que mais parece resquício da guerra da Bósnia, o Sweet Home virou um "must". A frequência vai de globais a socialites.
Lotadas também estão as casas que promovem os jogos de bingo, como o Scala, no Leblon (zona sul). Só na cidade já são cinco bingos –e a expectativa é que, no verão, cheguem a nove ou dez.
Os mais "ixpertos" já elegeram sua praia. Fugindo das tradicionais Ipanema e Barra, muitos atravessarão a ponte para ir às praias oceânicas de Niterói, como Camboínhas e Itacoatiara.
Funk
Um número crescente de jovens do "asfalto" está subindo as favelas para dançar em bailes funks.
"É só o começo. Quando chegar o verão, nas férias, aí é que vai explodir mesmo", prevê o estudante Robson Miranda Mateus, 18, morador do Leblon (zona sul).
Dois dos bailes de favelas preferidos dos funkeiros do "asfalto" são os do morro Chapéu Mangueira, no Leme (zona sul), e do Acadêmicos da Rocinha, em São Conrado (zona sul). "A comunhão com o pessoal do morro é tranquila e em baile funk de favela não tem briga, os traficantes não deixam", diz Marcus de Aguiar, 21.
Também morador do Leblon, Aguiar adora o baile das sextas do Chapéu Mangueira, promovido ao ar livre numa pracinha em frente à casa da senadora eleita do PT Benedita da Silva.

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