São Paulo, domingo, 13 de novembro de 1994 |
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Americano quer túnel entre Alasca e a Rússia The Independent PHIL REEVES Os dias estão ficando mais curtos em Nome, Alasca, uma cidade movida pela mineração do ouro. Não vai demorar e seus habitantes mais uma vez atravessarão a tundra congelada em suas máquinas de neve, cavando buracos no gelo para pescar límulos e passar horas ociosas do inverno nos bares.Mas Jim Stimpfle tem planos grandiosos. Ele estará ocupado com três grandes projetos: o que fazer sobre a fronteira russo-americana, como se livrar de rublos e o Túnel Inter-hemisférico. O Círculo Polar Ártico fica 220 km ao norte de Nome. A sudeste –para quem pode pagar a viagem de avião, pois não existe estrada–, Anchorage, a maior cidade do Alasca. E a oeste, atravessando um trecho curto de oceano cinza-férreo, muitas vezes congelado, fica a Rússia. É com esta última que Stimpfle vive obcecado. Há duas décadas ele se pergunta como criar relações entre Nome e o outro lado do estreito de Bering. O Alasca era território russo até ser vendido aos EUA por dois centavos o acre em 1867, após décadas de matança de suas lontras marítimas, valiosas por seu pêlo. Interessado em quebrar o gelo (uma metáfora) entre a Rússia e o 49º Estado americano, ele mandou balões carregados de tabaco, chá e chicletes que deveriam atravessar o estreito de Bering. Infelizmente o clima não estava a seu favor. Os balões avançaram 100 metros e então caíram no mar. A queda final do império soviético reacendeu seu entusiasmo. Quando a fronteira do Alasca com a Rússia foi aberta, em 1988-50 anos depois de ser fechada–, Stimpfle promoveu um esquema para trazer visitantes russos para gastarem rublos em Nome. Para atraí-los, curiosos de conhecerem o mundo capitalista, ofereceu uma taxa de câmbio de um rublo por um dólar. Eles compraram de tudo –meias de seda, alimentos, revistas 'Playboy'. Mas o ambiente azedou quando as autoridades russas se recusaram a deixar habitantes de Nome gastarem os rublos em suas viagens ao outro lado, ou sequer levá-los. A moeda caiu vertiginosamente. Os lojistas de Nome se viram com pilhas de cédulas inúteis, que podiam ser trocadas no mercado negro de Moscou à taxa de 18 mil rublos por dólar americano. Em pelo menos um estabelecimento, os rublos são usados como bolachas de cerveja. Inventivo, Stimpfle plastifica as cédulas para vendê-las a turistas americanos. Mas a maior contribuição dele para a abertura da fronteira é o túnel proposto, uma obra grandiosa que uniria os EUA, o Canadá e a Rússia por meio de uma trilha ferroviária de 7.500 km de extensão e que em última análise ligaria Nova York a Londres, por via férrea. O custo do projeto é estimado em US$ 60 bilhões. Europa, Ásia e América do Norte seriam unidas pela primeira vez por um sistema terrestre. Dá para imaginar? Poderíamos trocar petróleo russo por trigo americano, simplesmente atravessando o estreito de Bering. Não é a primeira proposta do tipo. Há anos ouvem-se conversas fantasiosas sobre uma ponte. O túnel não vem conseguindo muito apoio político, embora a representante do governo estadual para o Pólo Norte, Jeanette James, seja sua defensora explícita. Tradução de Clara Allain Texto Anterior: Imagem de liberal derrota Clinton Próximo Texto: Livro relata mitos urbanos Índice |
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