São Paulo, domingo, 13 de novembro de 1994
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O velho PFL de guerra

JOSIAS DE SOUZA

BRASÍLIA – Durou pouco, pouquíssimo, o altruísmo do PFL. Passada a eleição presidencial, o partido comportava-se diante de Fernando Henrique com surpreendente abnegação.
Jorge Bornhausen, presidente do PFL, prometeu entregar ao comitê de transição de Fernando Henrique um estudo sobre a estrutura do Estado brasileiro.
O dirigente pefelista chegou mesmo a anunciar a intenção de incluir no documento a proposta de que fossem extintos órgãos e cargos públicos.
A ligação genética do PFL com o governo, qualquer governo, emprestava às palavras de Bornhausen um tom revolucionário.
Não se tratava de extinguir potenciais postos de trabalho para afilhados do partido. Tratava-se de afastar os apadrinhados que já ocupam determinadas vagas na engrenagem federal.
Criado a partir de uma dissidência do PDS (hoje PPR), o PFL caminha para sua terceira geração no poder. Há pefelistas que mantêm-se agarrados a determinados postos desde a gestão Sarney.
São pessoas que sobreviveram à era Collor/Itamar e esperam assegurar posições na república tucana.
Deu-se o previsível. A manifestação de Bornhausen teve o efeito de um terremoto no interior do partido.
A "conversão" do PFL, festejada por Fernando Henrique, não resistiu à primeira rodada de pressões. Ouviram-se reações em todos os rincões da legenda, da base à cúpula.
Algumas reclamações foram feitas sob a condição do anonimato. Outras às claras, como o protesto do vice-presidente Marco Maciel.
Anuncia-se agora o arrefecimento do ânimo renovador do PFL, gradativamente substituído por uma disposição reivindicatória. O jogo está começando.

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