São Paulo, segunda-feira, 14 de novembro de 1994
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Campanha desfaz aliança histórica

SILVIA QUEVEDO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

Aliados históricos em Santa Catarina romperam oficialmente no segundo turno uma união que manteve a hegemonia política no Estado por mais de 30 anos.
Jorge Bornhausen, presidente nacional do PFL, declarou voto a Paulo Afonso Vieira (PMDB), que disputa o governo com Angela Amin (PPR), mulher do senador Esperidião Amin (PPR), candidato derrotado à Presidência.
O rompimento é uma represália a Amin, apontado como "traidor", por não cumprir o compromisso assumido de concorrer ao governo pela chamada União por Santa Catarina, liderada pelo PFL e PPR.
Amin deixou a campanha no Estado e preferiu se lançar à Presidência, com argumento de fortalecer o PPR em todo o país.
Isso obrigou Bornhausen a lançar-se como candidato no primeiro turno. Ele pautou sua campanha no apoio ao presidente eleito Fernando Henrique Cardoso.
No segundo turno, disse que "é óbvio que as forças que apoiaram FHC estão com Paulo Afonso".
Paulo Afonso, 36, afirmou que o rompimento representa um "fenômeno".
"Expressivas lideranças regionais o acompanharam na decisão. Pela tradição, essas forças estariam do outro lado e por isso o apoio tem valor dobrado", disse.
Na reta final de campanha, o candidato reverteu a tendência até então favorável a Angela Amin. As pesquisas deram-lhe pequena vantagem sobre a concorrente, que conservou o apoio do senador eleito Vilson Kleinubing (PFL).
A diferença técnica faz com que o segundo turno no Estado seja disputado com uma das menores margens em todo o país.
Na última semana, Angela e Paulo Afonso entraram em confronto direto, depois de se desafiarem num debate de televisão.
Munido de documentos, Paulo Afonso afirmou que a intervenção federal no Besc (Banco do Estado de Santa Catarina) aconteceu por má administração do governo de Esperidião Amin.
Angela mostrou documento em que o ex-presidente do Banco Central no governo Collor, Francisco Gros, dava a intervenção como política.
No debate, ambos comprometeram-se a comparecer à presidência do Besc para mostrar quem falava a verdade.
Para proteger a imagem dos candidatos, as últimas denúncias foram encampadas por deputados. O PPR acusou o PMDB de reter dinheiro do ICMS para pagar empreiteiras na construção de uma ponte em Florianópolis.
O PMDB obteve certidão da Justiça do Distrito Federal mostrando que o vice de Angela responde a processo sob acusação de estelionato.

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