São Paulo, segunda-feira, 14 de novembro de 1994
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Real provoca avalanche de lojas

MARISTELA MAFEI
DA REPORTAGEM LOCAL

A estabilização da moeda levou o pequeno comércio a investir na abertura de novas lojas.
Há uma avalanche de reformas e construções de padarias, sorveterias, lanchonetes, cafés, lojas de roupas, de acessórios e de produtos importados.
Dados disponíveis no Departamento Nacional de Registro do Comércio mostram crescimento de 25,5% na abertura de novas lojas em setembro último, quando comparado com setembro de 93. Até julho a tendência era de queda.
O comércio está gastando, em média, 30% a mais na abertura de novas unidades– e os shoppings centers inaugurados no pós-real buscam soluções criativas para fazer com que o lojista consiga abrir sua loja na data prevista.
Há problemas com falta de matéria-prima, como vidro para vitrines, freezers para sorvetes e aço inoxidável para os balcões.
Uma simples base que sustenta uma mesa –antes com prazo de entrega prevista em sete dias– agora demora pelo menos 40 dias para ser entregue.
Produtos como cerâmica, fiação da parte elétrica e ferro para a montagem de estruturas de suporte foram reajustados pelas grandes indústrias em percentual próximo dos 12% de julho para cá.
No mesmo período, os preços da mão-de-obra para serviços de marcenaria, instalação de ar-condicionado, pintura e alvenaria subiram 50%, conforme consulta feita pela Folha junto a grandes empreiteiros do setor de serviços.
Pontualidade premiada
O Shopping D, localizado na marginal do rio Tietê em São Paulo, substituiu a tradicional multa aplicada aos retardatários nas aberturas das lojas por prêmios e abatimentos dos aluguéis iniciais.
"Foi o modo que encontramos para estimular os lojistas a abrir as lojas, sem criar atritos", afirma Roberto Mitri, superintendente do shopping D. "No final, houve um verdadeiro leilão de mão-de-obra de pintores e eletricistas", afirma.
Muitas das lojas que seriam inauguradas na última terça-feira no segundo pavilhão do SP Market, localizado na zona Sul, permaneceram em fase de instalação no restante da semana.
O Shopping Center Fiesta, que será inaugurado no próximo dia 30, foi outro dos que instituiu prêmio (isenção do aluguel por um mês) para o lojista que abrir suas portas na data prevista.
"O mercado mudou, há grande procura pelos serviços de marcenaria, refrigeração, eletricidade, serralheria e de instalação de luminosos. Antes era esse pessoal que corria atrás do lojista", diz Célio Camargo, da Hoga Construções. A empresa constrói lojas para franquias da Casa do Pão de Queijo e para fast-foods.
Importação
A Ingecold, fabricante de cúpulas de freezers para sorvetes, balcões frigoríficos e expositores de vidro curvo para salgadinhos, também teve o número de pedidos em carteira dobrado.
Para atender a demanda, a empresa está importando peças de refrigeração e freezers da Itália.
"As entregas de termostatos, compressores e aço inoxidável estão com até 60 dias de atraso", diz Fernando Meloni Pais, gerente da empresa.
A Alciberg, outra das empresas do setor, constatou maior aumento nos setores de "barzinhos e cafés" como diz seu proprietário José Claus.
A Metalfrio, uma das maiores fabricantes de freezers para refrigeração comercial, aumentou a produção em 35%. Ainda assim há falta dos produtos da empresa no mercado.
Gilberto Serrani, vice-presidente do grupo Continental, dono da Metalfrio, diz que a demora é de 15 dias. Donos de sorveterias e restaurantes consultados pela Folha afirmam que a espera mínima é de 45 dias.

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